Lira e Bolsonaro | Foto> Isaac Nóbrega/PR

Definitivamente, o resultado das urnas não agradou a campanha pela reeleição de Bolsonaro. A diferença de mais de seis milhões de voto em favor de Lula no primeiro turno gerou reclamações de todos os tipos. Arthur Lira, aliado de Bolsonaro, resolveu atacar as pesquisas e quer até abrir uma CPI para questionar os números.

Bolsonaro, por sua vez, agrediu e atacou os nordestinos, que deram uma vantagem de quase 13 milhões de votos para Lula. Disse que ele perdeu porque os nordestinos são analfabetos. Mal sabe ele que as melhores escolas públicas do Brasil estão exatamente no Nordeste. De cada dez, entre as melhores, sete estão na região. Como disse Flávio Dino, ex-governador do Maranhão, “Bolsonaro virou as costas para o Nordeste durante toda a sua gestão.”

Quado houve as enchentes na Bahia, com muita destruição material e perdas de vidas humanas, lembrou Dino, “Bolsonaro não ajudou a população do Estado porque estava ocupado andando de jet ski numa praia paradisíaca”. Em reunião ministerial, sem saber que o microfone estava aberto, ele falou para seus ministros não atenderem a esses “paus-de-arara”, numa referência aos governos nordestinos, em particular ao do Maranhão.

Depois não sabe as razões de sua derrota, e fica questionando os números das pesquisas. E não é só das pesquisas. Enquanto Arthur Lira ameaça os institutos que, bem ou mal, previram a derrota de Bolsonaro, o chefe do Executivo volta a atacar o resultado da votação. Ele usou sua live para comparar a apuração de domingo com eleições de 2014, que, segundo ele, teriam sido fraudadas para dar vitória a Dilma.

“Até o gráfico da evolução que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado criou figura geográfica uniforme bem típica de algoritmo, muito parecido com aquela do segundo turno de 2014 do Aécio Neves”, afirmou em transmissão ao vivo nas redes sociais. Ele disse que aguarda relatório das Forças Armadas, que integra comissão de transparência eleitoral do TSE para opinar sobre o assunto. Ou seja, o choro de perdedor, pelo jeito, não vai parar tão cedo.

BERROS

O nervosismo com o resultado das urnas ficou ainda mais evidente numa entrevista dada por Bolsonaro nesta sexta-feira no Palácio do Alvorada. Aos berros, ele xingou o ex-presidente Lula de pinguço e reclamou novamente do voto dos nordestinos. Pegando carona nas obras de Lula, como a transposição do Rio São Francisco, ele indagou o que Lula fez pela região. “O que o ex-presidente Lula fez pelo Nordeste?”, perguntou.

Flávio Dino já tinha se adiantado e respondido a essa pergunta. Somente na Bahia, que passou quase 500 anos com apenas uma única universidade federal, recebeu cinco durante o governo Lula. Bolsonaro não começou nenhuma obra nova no Nordeste. Só pegou carona nas obras de Lula. Portanto, não tem nenhuma moral para questionar sobre o que Lula fez. E se continuar essa agressão toda aos nordestinos, a diferença, que foi de quase 13 milhões de votos, tende a aumentar.

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