Delegado da PF | foto: Jorge Pontes Câmara dos Deputados

O delegado da Polícia Federal, Jorge Pontes, autor do livro “Crime.Gov”, crítico aos governos petistas, anunciou que votará em Lula no segundo turno das eleições para defender a democracia.

“Derrotar Bolsonaro nas urnas não é mais uma questão de natureza política ou ideológica, mas uma decisão sobretudo humanística”, afirmou o delegado aposentado, que coordenou a Interpol no Brasil.

Para ele, nesta eleição estão em jogo temas como “a manutenção das nossas instituições democráticas, o respeito absoluto às cláusulas pétreas da nossa Constituição Federal e à própria defesa do Estado de direito”, sendo Jair Bolsonaro uma ameaça à democracia brasileira.

Em mensagem enviada ao site Metrópoles, Jorge Pontes aponta que no “campo das ameaças o candidato Jair Bolsonaro vem se superando”. Ele cita a “cooptação política de militares e PMs da ativa” e falas de Bolsonaro mostrando que ele “ambiciona uma ruptura institucional, para a qual arrastaria as Forças Armadas, em uma aventura golpista cujo desfecho não podemos imaginar”.

“Bolsonaro, que se elegeu na onda moralizatória do combate à essa macrocriminalidade, acabou atuando como o próprio coveiro da Operação Lava Jato, criando um ambiente que a enfraqueceu e a sufocou”, continuou.

Jair Bolsonaro admite publicamente que acabou com a Lava Jato, mas diz que o fez porque acabou a corrupção no país. Quando aparecem indícios de corrupção, como nas rachadinhas de sua família, na compra de vacinas ou no Ministério da Educação, ele decreta sigilo de 100 anos ou impede que seja investigado.

Para o delegado da PF, o orçamento secreto é a “quintessência da institucionalização da corrupção”, sendo uma “sofisticação” em relação a esquemas de corrupção anteriores.

“O orçamento secreto foi um avanço das estruturas e plataformas que se locupletam com dinheiro público e pode ser considerado praticamente a ‘legalização dos desvios de recursos’. Não tardará a constar, nos livros que estudam corrupção e o crime institucionalizado, como um case exemplar”, avalia o delegado Pontes.

Mesmo em outros governos em que foram descobertos esquemas corruptos, “nunca sequer ensaiaram trocar o diretor-geral da PF”, como fez Jair Bolsonaro mais de uma vez.

O delegado Jorge Pontes contou na mensagem que buscou uma candidatura de terceira via e que enxerga muitos votos indo para Lula por conta da defesa da democracia. “Por isso, personalidades publicamente críticas ao PT, como é inclusive o meu caso, estamos declarando apoio nesse sentido”.

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(BL)