Como evitar que 32 milhões de eleitores deixem de votar no dia 30?
As pesquisas apontam diferenças pequenas entre os candidatos neste segundo turno. O eleitorado está dividido, com uma taxa de cerca de 5% de pessoas que não sabem em quem votar. Mesmo assim, chega o dia da eleição e 20% daqueles que tinham candidato simplesmente deixam de comparecer na votação.
Um número que poderia definir a eleição, pois a maioria das pessoas que se abstiveram de votar têm menor renda e tendem a votar na candidatura de Luis Inácio Lula da Silva. Para estas pessoas, o deslocamento faz diferença e pagar passagem de ônibus pode ser uma barreira.
Já o candidato à reeleição Jair Bolsonaro tem preferência entre setores de classe média que podem se abster para aproveitar o feriado, logo após a eleição. Além disso, o segundo turno costuma ter uma abstenção ainda maior que o primeiro.
Os motivos para as pessoas desistirem de votar envolvem questões subjetivas, também. Muitas pessoas não acreditam que seu voto faz diferença no meio de milhões, ou não entendem a importância do voto. Outros ainda se incomodam com questões práticas, como transporte, filas e lotação de sessões, têm preguiça de se preocupar com a documentação. O clima eleitoral tenso também afasta algumas pessoas de sair as ruas nesse dia de domingo, preferindo se proteger na segurança de casa.
Para cada um desses argumentos as campanhas pensaram em estratégias para estimular o eleitor decidido a convencer o indeciso. Criar conteúdo para as redes sociais é uma ferramenta para alcançar mais gente, mas a conversa cara a cara também ajuda. A ideia é produzir conteúdo rápido, simples e, de preferência, engraçado, para convencer o amigo ou parente a ir votar.
Veja abaixo um exemplo bem humorado de conteúdo da campanha chilena de 2017 sobre a importância do voto:
Meu voto não importa
Neste caso, os conteúdos (ou conversas) precisam estimular o sentimento de coletividade. A pessoa precisa entender que, quando ela pensa que o voto dela não vai fazer diferença, tem muitas outras pessoas pensando como ela. É preciso estimular essa pessoa a se sentir parte de um coletivo e valorizar seu voto, demostrando como pode influenciar a vida de todos. A pessoa precisa entender que sua trajetória de vida define sua posição política, que ela não precisa ser intelectual para entender de política.
Pra que votar?
Os temas da campanha acabam sendo um bom argumento para mostrar a importância de expressar sua decisão no dia da eleição. É o governo que pode definir como os preços vão variar no supermercado, se vai haver investimentos na educação, se teremos acesso a medicamentos e hospitais quando precisarmos. É também o governo que pode investir em segurança e até liberar a circulação de armas nas ruas, escolas e outros ambientes públicos.
Vou perder muito tempo e enfrentar filas
Para as pessoas que resistem a enfrentar a espera na sessão eleitoral, é bom saber que só vamos votar em menos candidatos no domingo da eleição. Vai ser mais rápido votar apenas em governador e presidente e, provavelmente, nem tenha filas. Ninguém perde o voto por chegar mais tarde. Chegando até as 17 horas (horário de Brasília), você vai poder votar, mesmo que tenha uma fila. Já pensou ter que aguentar um governo que você não escolheu, por causa de alguns minutos indo votar?
Dúvidas sobre o planejamento do dia do voto
Quem não votou no primeiro turno, pode votar no segundo, sem problemas. A documentação é muito simples, bastando qualquer documento oficial com foto. A biometria ou e-título não são impedimentos pra votar se você tiver o documento com foto. Nem precisa levar título de eleitor. Basta saber sua zona e sessão.
As vezes é bom saber se alguém precisa de ajuda para o dia. Pessoas idosas ou mães ou pessoas com algum deficiência podem precisar de uma ajudinha para se organizar. Procure saber se vai ter passe livre no transporte ou ofereça uma carona para quem precisar.
Tenho medo de violência ou conflito
Muitas pessoas desistem de votar para não entrar em conflito com familiares ou amigos. É só lembrar que o voto é secreto, ninguém precisa saber.
Para quem tem medo de violência, lembre-se que o primeiro turno foi bem tranquilo. Não houve registro de confusões ou violência generalizada. Quem teve medo do clima tenso, perdeu uma grande oportunidade de ver a beleza da democracia acontecer nas ruas. Para todos os efeitos, sempre dá pra ir votar em grupo, se tiver algum receio em seu bairro.
(por Cezar Xavier)