Brasil tem recorde de trabalhadores sem carteira assinada
O número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado aumentou 4,8% no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, chegando a 13,1 milhões de pessoas, renovando o recorde da série histórica, iniciada em 2012, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE.
Os dados da pesquisa divulgada nesta quinta-feira (27) revelam que o mercado de trabalho brasileiro continua fragilizado com a maioria das ocupações alocadas em empregos informais, cerca de 39,8% da população ocupada, ou 39,1 milhões de pessoas obtendo sua subsistência dos famosos “bicos”, atividades de trabalho com jornada e renda miseráveis.
No final do terceiro trimestre deste ano foram localizadas 9,5 milhões de pessoas no chamado desemprego aberto – isto é, pessoas que procuraram trabalho efetivamente nos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exerceram nenhum trabalho nos últimos sete dias.
Assim, a taxa de desemprego no Brasil recuou para 8,7% no terceiro trimestre deste ano, representando uma queda de 0,6 ponto percentual na comparação com o trimestre terminado em junho. Mas, destaque-se, que neste período haviam 4,3 milhões de pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos (chamada de população desalentada), e outros 6,2 milhões subocupados por insuficiência de horas trabalhadas.
Ao todo são 23,4 milhões de pessoas que compõem a chamada “taxa de subutilização”, que ficou em 20,1% no terceiro trimestre deste ano. São considerados subutilizados os trabalhadores que estão desempregados, os que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais, os que não estão desempregados, mas não poderiam aceitar uma vaga por mais diversos motivos, e aqueles que desistiram de procurar por emprego.
Além dos 13,1 milhões registrados sem carteira assinada, no trimestre encerrado em setembro havia 25,7 milhões de pessoas trabalhando por conta própria; 4,4 milhões de pessoas trabalhando como autônomos, sem um CNPJ – titulado na pesquisa como “empregadores” –; e 5,9 milhões no trabalho doméstico.
O fato é que existe um enorme desemprego disfarçado no país. Com a crise econômica agravada pela Covid-19, Bolsonaro cortou investimentos públicos e paralisando a economia com inflação galopante e juros elevados. Sem qualquer política de geração de emprego e renda, milhões de brasileiros foram largados à própria sorte, a grande maioria dos “novos” empregos não pagam nem dois salários mínimos e outros milhões estão no trabalho precário, com renda miserável e com as dívidas batendo na porta.
Com toda essa tragédia de desemprego e arrocho na renda, o governo Bolsonaro ainda quer surrupiar o salários dos trabalhadores e dos aposentados negando o reajuste do salário mínimo pela inflação, conforme proposta que vazou na semana passada pelo seu ministro da Economia Paulo Guedes.
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(BL)