Steve Bannon - agora condenado - durante colóquio com Bolsonaro em 2020 nos Estados Unidos. (divulgação)

O ex-assessor sênior e assistente para fake news de Donald Trump, Steve Bannon, foi condenado na sexta-feira, (21), a quatro meses de prisão e multado em US$ 6.500 por desacato ao Congresso ao negar-se a dar informações para a investigação da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O golpista é também chegado aos Bolsonaro, com o quais participou de encontros junto com elementos vinculados ao governo brasileiro e esteve no jantar oferecido por Jair na embaixada do Brasil nos EUA.

Bannon desacatou a intimação da Câmara dos Deputados que investiga aquela tentativa de gople e vinha respondendo ao processo por não fornecer nem documentos nem testemunhos sobre a invasão do Capitólio, tramada para evitar a posse do presidente Joe Biden, quando morreram quatro manifestantes e um policial, centenas de pessoas ficaram feridas (140 policiais) e dezenas de pessoas foram presas.

O promotor J.P. Cooney enfatizou durante a audiência que o republicano Bannon escolheu “desprezar o Congresso”, mas “não está acima da lei, e é isso que torna este caso importante”.

Além da pena de encarceramento, o juiz distrital dos EUA, Carl Nichols, também aplicou uma multa de US$ 6,500 (R$ 34 mil).

Tanto o período de prisão quanto o valor da multa ficaram bem abaixo da sentença recomendada pelos promotores federais que haviam solicitado até US$ 100 mil (R$ 523 mil) por cada uma das penas e um ano prisão. Bannon ainda pode apresentar recurso e aguradará em liberdade.

“O INFERNO VAI ACONTECER AMANHÔ

Conforme o Comitê da Câmara dos Deputados, Bannon conversou com o então presidente Trump pelo menos duas vezes no dia anterior à tomada do Capitólio, participando de uma reunião de planejamento em um hotel em Washington e publicando em seu podcast golpista que “o inferno vai acontecer amanhã. Está tudo convergindo e estamos no ponto de ataque”.

Na época, em um discurso inflamado na capital dos EUA, Trump pediu aos apoiadores que “lutassem como o inferno” contra a suposta “fraude eleitoral maciça”. Em seguida, voltou para a Casa Branca, enquanto seus seguidores em fúria lançavam um ataque ao Congresso, exigindo o enforcamento do então vice-presidente Mike Pence.

LAVAGEM DE DINHEIRO, FRAUDE E CONSPIRAÇÃO

Os problemas legais do ideólogo republicano não terminam com a sentença, pois foi indiciado no estado de Nova Iorque em setembro por acusações de lavagem de dinheiro, fraude e conspiração. Os promotores sustentam que Bannon enganou doadores durante a coleta de recursos para erguer o muro de Trump ao longo da fronteira EUA-México e evitar a entrada de imigrantes.

O processo foi iniciado em agosto de 2020, quando a campanha “We Build the Wall” (Nós construímos o muro) já havia arrecadado cerca de US$ 25 milhões (R$ 130 milhões) em doações de pessoas físicas para ampliar as barreiras físicas com o vizinho do Sul.

“Quando o Sr. Bannon criou uma estrutura de captação de recursos para financiar a construção desse muro, milhões de dólares foram roubados para encher seus bolsos e os de outros amigos politicamente próximos”, denuncia a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James. Nesse processo Bannon é acusado por lavagem de dinheiro, conspiração num esquema de fraude na arrecadação de recursos e desvio de cerca de US$ 1 milhão para cobrir despesas pessoais. Caso seja condenado nesse processo em Nova Iorque, Bannon pode pegar até 15 anos de prisão.

Papiro
(BL)