Às vésperas do Outubro Rosa, Bolsonaro corta verba para combate ao câncer
Jair Bolsonaro (PL) segue dando duros golpes na saúde pública brasileira. Como se não bastassem todos os cortes e desmontes promovidos ao longo de seu mandato, o presidente decidiu — numa tesourada só e pouco antes do Outubro Rosa, mês dedicado ao combate ao câncer de mama — reduzir a quase pela metade recursos destinados à prevenção e controle do câncer, segunda doença que mais mata no Brasil.
Para o orçamento do próximo ano, a verba para a Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas – Oncologia saiu de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões, um corte de 45%, conforme dados compilados pelo jornal O Estado de S.Paulo. O corte foi feito, segundo a publicação, para que o governo pudesse dar conta do orçamento secreto, usado em acordos políticos em benefício de Bolsonaro e de sua base.
No caso das verbas repassadas a estados, municípios e entidades sem fins lucrativos para a construção, ampliação, reforma e aquisição de equipamentos e materiais permanentes na área, a verba reservada neste ano foi de R$ 520 milhões que, reforçados por emendas, chegou a R$ 1,9 bilhão. Mas, para o próximo ano, foram reservados somente R$ 202 milhões.
O jornal informa ainda que para a Rede de Atenção a Pessoas com Deficiência “a queda foi de 56%, passando de R$ 133 milhões para R$ 58 milhões previstos pelo governo. A Rede Cegonha e a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) tiveram redução de 61%, com orçamento caindo, respectivamente, de R$ 44 milhões para R$ 17 milhões e de R$ 18 milhões para R$ 7 milhões. Despesas diversas caíram de R$ 150 milhões para R$ 23 milhões”.
Cortes, cortes e mais cortes…
Outro exemplo de como Bolsonaro trata a saúde do povo foi o corte em programa que distribui medicamentos para tratamento de Aids, infecções sexualmente transmissíveis e hepatites virais: para o ano que vem a redução estabelecida é de R$ 407 milhões em comparação com 2022.
Há cerca de um mês, o governo anunciou ainda o corte de 60% no orçamento destinado à Farmácia Popular no ano que vem. A decisão afetaria a população ao atingir 13 tipos diferentes de medicamentos usados no tratamento de diabetes, hipertensão e asma, além de restringir a distribuição de fralda geriátrica. Com medo de perder votos, Bolsonaro mandou os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e da Economia, Paulo Guedes, reverterem a decisão.
O descaso com a vida das brasileiras e brasileiros não para por aí. Em 2021, também pouco antes do início da campanha Outubro Rosa, o governo de Jair Bolsonaro anunciou o corte de 46% da verba do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que produz 85% dos remédios, denominados radiofármacos e radioisótopos, para tratamento do câncer no país. Embora tenha, depois, anunciado a liberação, o impacto desse intervalo prejudicou o tratamento de pacientes com a doença.