Alemães ocupam as ruas por ajuda do governo para pagar energia
Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de várias cidades da Alemanha para protestar contra a disparada do preço da energia e da inflação, turbinada pelo fechamento do gasoduto Nordstream com a Rússia, que deixa o país sem qualquer garantia para atravessar o inverno.
Em Berlim, Duesseldorf, Hannover, Stuttgart, Dresden e Frankfurt-am-Main, faixas e cartazes exigiram mais subsídios para os pobres, com uma distribuição mais justa de fundos governamentais, e uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis. “Com nova energia para sair da crise”, explicitaram.
Com o aumento do preço do gás natural em 2,419 cêntimos por quilowatt/hora, a população precisará de até 300 euros a mais para cozinhar ou se aquecer, alavancando a espiral inflacionária, que atingiu em setembro 10,9%, seu nível recorde em mais de 25 anos.
“Precisamos urgentemente de um alívio financeiro para os cidadãos socialmente equilibrados”, declarou Andrea Kocsis, vice-presidente do VER.DI, um dos sindicatos organizadores da marcha, para quem “o governo está distribuindo fundos com um regador”. “As pessoas de baixa renda precisam de mais apoio do que os ricos”, condenou.
Na sexta-feira (21), o Parlamento alemão aprovou o pacote de resgate de € 200 bilhões (R$ 1 trilhão) do governo, que inclui um pagamento único para cobrir uma conta mensal de gás para residências e pequenas e médias empresas e um mecanismo para limitar os preços a partir de março de 2023. A medida, que é temporária, é insuficiente diante da profundidade da crise, alertam os manifestantes.
Subalterno aos EUA, o governo alemão – por meio do seu ministro da Economia – disse que as graves dificuldades enfrentadas pelo seu país são “consequência da guerra ilegal de Putin contra a Ucrânia e da escassez artificial de energia causada pela Rússia”.
Bem mais sensata, a ex-chanceler alemã Angela Merkel afirmou recentemente que a paz duradoura e sustentável na Europa só poderá ser alcançada com a “participação da Rússia” e condenou a política de confrontação fomentada por Washington. O caminho é a pacificação, sustentou e, “enquanto não tivermos realmente alcançado isso, a Guerra Fria não acabou de verdade”.
Papiro
(BL)