Uruguaios tomaram as ruas de Montevidéu contra o arrocho de Lacalle (Opinión Frontal)

Mais de um milhão de trabalhadores uruguaios entraram em greve por 24 horas, na quinta-feira (15), exigindo reajustes salariais, recomposição das aposentadorias e pensões e mais verba para habitação e educação.

A greve convocada pela central sindical única do Uruguai, a Plenario Intersindical de Trabajadores – Convención Nacional de Trabajadores (PIT-CNT) sob a consigna “Contra o modelo de desigualdade”, foi a quarta greve geral desde a posse de Lacalle Pou em 1 de março de 2020, em repúdio a um modelo que aplica o arrocho sobre os trabalhadores e entrega o patrimônio público.

Os trabalhadores exigem uma “reforma abrangente, solidária e digna da seguridade social”, rechaçando o projeto apresentado pelo Governo em julho que inclui mais anos de serviço para se aposentar e nenhuma alteração no financiamento do sistema que recai sobre os assalariados.

Nesse sentido, a central também aponta para a eliminação das Administradoras de Fundo de Pensão (AFAP), aspecto fundamental dentro do Sistema Misto de Previdência Social no país com importante participação privada. Os sindicatos pedem ainda que o governo garanta os direitos trabalhistas conquistados na negociação coletiva.

O presidente do PIT-CNT, Marcelo Abdala, enfatizou a defesa das empresas públicas, após forte questionamento do que os trabalhadores consideram uma “movimentação de privatização” do governo de Lacalle Pou, e afirmou que “as reivindicações abrangem um maior orçamento para a educação pública e para a Universidade Estadual da República e um maior investimento em ciência e tecnologia”.

Da mesma forma, os sindicatos exigem mais recursos para os programas habitacionais e o Programa Nacional de Atenção à Saúde.

Neste ano, a paralisação das atividades em 15 de setembro se soma à greve geral de meio dia realizada em julho e à greve de 24 horas convocada em 8 de março, coincidindo com o Dia Internacional da Mulher.

PROFESSORES E ESTUDANTES SE MOBILIZAM

Nas últimas semanas, trabalhadores da educação e organizações estudantis foram protagonistas de mobilizações, greves e ocupações de escolas e centros de estudos em repúdio à reforma educacional anunciada pela Administração Nacional de Educação Pública (ANEP), que reduz a presença do Estado na educação.

Os alunos exigem o adiamento da reforma, prevista para 2023, apontando que a proposta do governo não foi devidamente consultada com professores e alunos. Para os grêmios estudantis, a reforma é “privatizadora ao enfraquecer o ensino público em relação ao ensino privado e ignorar os interesses da juventude e da comunidade educacional”.

Papiro