Trabalhadores da Mercedes aprovam greve contra 3.600 demissões no ABC
Alegando “crescente pressão de custos e mudanças dinâmicas do mercado”, a montadora alemã Mercedes-Benz quer cortar um terço dos trabalhadores de sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Sem qualquer negociação prévia com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa anunciou, na terça-feira (6), a demissão de 2.200 funcionários com carteira assinada e outros 1.400 terceirizados – o que totaliza 3.600 postos de trabalho fechados.
Uma assembleia promovida pelo Sindicato nesta quinta (8), com a participação de mais de 6 mil trabalhadores, demonstrou unidade. Os metalúrgicos decidiram entrar em greve e só devem retomar as atividades na próxima segunda-feira (11). “A angústia e o medo tomaram conta da fábrica. Mas tenho certeza de que, se estivermos unidos e solidários uns com os outros, sairemos vitoriosos desse processo”, afirmou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
Os cortes devem provocar um efeito cascata na cadeia automotiva de São Bernardo. “Conforme o Dieese, a cada demissão nas montadoras do ABC, cinco trabalhadores ligados às fornecedoras também são desligados”, informou, em nota, Alex Custodio, presidente interino da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil).
“Num cenário de crise econômica, a decisão da Mercedes deve provocar o fechamento de 18 mil postos de trabalho. Sem contar a precarização, que vai avançar com a aposta da empresa em mais terceirização”, agregou Alex.
Maior planta da Mercedes na América, a fábrica de São Bernardo foi inaugurada em 1956. A unidade é líder nacional na produção de caminhões e chassis de ônibus. Seu fechamento acentua o processo de desindustrialização no Brasil, sobretudo em São Paulo. Em dois anos, além da Mercedes, três multinacionais anunciaram o encerramento da produção no ABC: a Ford, a Mangels e a Toyota.