Greve dos estivadores de Liverpool se estenderá por outros portos ingleses (Peter Lazenby-Morning Star)

Os estivadores de Liverpool iniciaram uma paralisação de duas semanas nesta terça-feira (20) em repúdio à política de arrocho salarial imposta pela Mersey Docks and Harbour Company – integrante da Peel Ports – uma das cinco empresas que administram portos no Reino Unido e na Irlanda.

Com a participação de 560 estivadores à entrada do porto inglês, teve início a paralisação. Os portuários rejeitaram um reajuste salarial de 7% a 8,3% (inferior à inflação de 10%, e que está crescendo) com um pagamento único de £ 750 (libras esterlinas) – R$ 4.387,00.

A situação é ainda mais dramática porque as contas de eletricidade e gás no país aumentaram e chegam a 3.549 £ anuais (R$ 20,7 mil nos valores mais altos), 80% a mais do que o teto anterior, de £ 1.971 (R$ 11,15 mil), valor que já havia sido reajustado em abril. Pelo sistema inglês, o teto é aplicado a 24 milhões de consumidores residenciais, e os novos valores serão aplicados a partir de outubro. Diante da gravidade do arrocho, a categoria reivindica um aumento salarial igual à inflação mais um aumento no topo, que possa fazer frente ao caos econômico estabelecido.

Nos diferentes piquetes, centenas de grevistas e apoiadores começaram a protestar desde às 7 horas da manhã, contando com a solidariedade internacional de estivadores da Espanha, Dinamarca, Suécia e França, que enviaram delegações para fortalecer o movimento.

Conforme denunciou o organizador regional do Unite North West, Steve Gerrard, a polícia está tentando impor as leis de piquete e buscando limitar o número de trabalhadores em cada entrada, “mas havia uma multidão de 400 a 500”. “A empresa está cheia de dinheiro. Nos últimos cinco anos, eles distribuíram 60 milhões de libras esterlinas para diretores e acionistas”, condenou Gerrard, acusando os chefes das docas de renegar acordos feitos em 2021 sobre avaliações de empregos, padrões de turnos, taxas de remuneração para diferentes habilidades e reduções no trabalho noturno. “Agora eles estão dizendo que será somente em 2023 e 2024”, protestou.

A categoria informou que a administração está desviando navios destinados a Liverpool para outros portos, o que torna necessário ampliar a solidariedade dos estivadores de outros portos. “Nossos membros trabalharam durante a pandemia e colocaram suas famílias em risco. Naquela época éramos trabalhadores-chave. Agora somos apenas estivadores. Sem dúvida haverá apoio internacional em outros portos ao redor do mundo”, ressaltou Gerrard, frisando que “os sindicatos na França, Espanha, Holanda e Alemanha têm muito mais liberdades sindicais do que nós”, o que é inaceitável.

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