O inverno está chegando: Rússia mantém corte de gás para a Europa
O Kremlin disse nesta segunda-feira (5) que as sanções ocidentais foram a única razão por trás da decisão da Rússia de fechar o oleoduto Nord Stream 1.
“Os problemas de bombeamento de gás surgiram por causa das sanções impostas contra nosso país e contra várias empresas por estados ocidentais, incluindo Alemanha e Reino Unido”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, segundo a agência de notícias Interfax na segunda-feira. Com isso, ele admite a motivação, após ter dito que o fluxo de gás havia sido interrompido por manutenção.
O comentário de Peskov ocorreu em meio a uma crise de energia cada vez mais profunda na Europa, agravada ainda mais depois que a Gazprom, empresa estatal de energia da Rússia, anunciou na sexta-feira que um trabalho de manutenção de três dias devido a um vazamento de óleo em uma das turbinas do oleoduto se estenderá indefinidamente.
A União Européia esperneia reclamando que a Rússia está retaliando a Europa por esta ter impondo sanções e estar apoiando a Ucrânia. Os Estados Unidos também acusaram a Rússia de usar energia como arma, acrescentando que a Europa terá gás suficiente para enfrentar os meses de inverno.
A volta da energia nuclear
Enquanto isso, os preços da energia atingiram novos picos com 30% de aumento nesta segunda-feira, forçando os países a acelerar sua busca por alternativas ao gás russo.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que a UE precisa intensificar os planos para produtos de energia renovável e reformar seu mercado de eletricidade. Enquanto na Alemanha, o governo está procurando ativamente diferenciar sua fonte de energia.
A Alemanha disse na segunda-feira que manterá duas usinas nucleares em espera até o final do ano em uma reviravolta política. A Alemanha decidiu abandonar a energia nuclear em 2011 sob a ex-chanceler Angela Merkel após o desastre nuclear de Fukushima no Japão.
Preços em alta
O mercado financeiro reagiu imediatamente à decisão da Rússia de fechar indefinidamente o Nord Stream 1 com o euro afundando na segunda-feira para o menor valor em 20 anos – abaixo de US$ 0,99. O valor da libra – com a economia britânica também vulnerável ao aumento dos preços do gás – caiu 0,5 por cento para uma nova baixa de dois anos e meio de US$ 1,1444. O mercado financeiro prevê que estes números caiam ainda mais pelos próximos seis meses.
Vários governos europeus estão lidando com o assunto com a solução de subsidiar o custo da energia para pessoas e empresas. A Alemanha fala em US$ 65 bilhões, enquanto a Itália aprovou pacote de ajuda de US$ 17 bilhões contra a disparada dos custos de energia, que se somam aos US$ 35 bilhões já orçados em janeiro.
A Finlândia e a Suécia também anunciaram no domingo planos para oferecer bilhões de dólares em garantias de liquidez para empresas de energia.
(por Cezar Xavier)