No país do bolsonarismo, empresa faz promoção de armas pelo 7 de Setembro
No Brasil de Bolsonaro, o uso de armas de fogo foi banalizado de tal maneira que uma empresa do ramo se sente à vontade para usar o 7 de Setembro como mote para a promoção de fuzil e para o lançamento de uma linha especial em comemoração aos 200 anos da Independência. O saldão bizarro foi oferecido pela Taurus.
Em suas redes sociais, a empresa publicou anúncio da “Semana Brasil” — espécie de Black Friday criada por Jair Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato — de 2 a 12 de setembro, durante a qual estão sendo oferecidas “condições especiais” para a compra de carabinas e fuzis — com capacidade para 30 tiros, de uso militar e policial e que, de acordo com a Tauros, seria também utilizada em “campeonatos, treinos e lazer”.
Além disso, o site da empresa anuncia, para às 9h do dia 7 de Setembro — mesmo horário que estão sendo programados atos em Brasília e no Rio de Janeiro — o início da venda de “uma coleção de armas exclusivas para comemorar os 200 anos de Independência do Brasil”. No cano dessas armas, está gravado “já raiou a liberdade no horizonte do Brasil”, trecho do Hino à Independência.
A “promoção” é mais uma peça lamentável que compõe o cenário de crescimento exacerbado no número de armas em circulação no Brasil, estimulada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores, o que vem criando um ambiente de ódio propício ao uso da violência, inclusive no campo político.
Desde que tomou posse, Jair Bolsonaro editou 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que flexibilizam as regras para ter acesso a armas e munições. Até julho deste ano, havia mais de um milhão de armas de fogo nas mãos dos CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), crescimento de 187% em relação a 2018, segundo dados do Exército obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) pelo Instituto Sou da Paz e Instituto Igarapé.
Nesta segunda-feira (5), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminares que suspendem decretos do presidente Jair Bolsonaro (PL), limitando assim a posse de arma de fogo e a quantidade de munições que podem ser adquiridas.
Seguindo essa mesma linha de tentar evitar atos de violência durante as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, no dia 30, por unanimidade, proibir o porte de armas em um raio de 100 metros dos locais de votação. A única exceção é para integrantes de forças de segurança que estiverem trabalhando, desde que autorizados pelas autoridades eleitorais competentes.