O chefe da diplomacia da Rússia dirige-se à Assembleia Geral da ONU (EPA/ Alexander Zemliani Chenko)

Na Assembleia Geral das Nações Unidas que está sendo realizado em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, ressaltou que o encontro acontece “em um momento dramático”. “As disposições no campo da segurança internacional estão se degradando rapidamente”, destacou ele, neste sábado (24).

Afirmou que as “mentiras contadas pelo Ocidente” socavam a confiança e a credibilidade das instituições internacionais “como órgãos de conciliação de interesses e do direito internacional como garantia da justiça e defesa dos fracos contra a arbitrariedade”.

“Os EUA e seus aliados querem pôr fim à marcha da História. Disseram que ganharam a Guerra Fria e se autodenominaram os enviados de Deus à Terra, como se não tivessem obrigações, só o direito sagrado de atuar com total impunidade contra qualquer Estado”, afirmou o ministro.

“O futuro da ordem mundial é decidido hoje e está claro para qualquer observador objetivo. A questão é se essa ordem será com uma hegemonia que nos obriga a todos a viver por suas notórias regras, que só são benéficas para eles, ou será um mundo democrático, justo, um mundo sem chantagem e intimidação dos indesejáveis, sem neonazismo e neocolonialismo”, enfatizou. “A Rússia escolhe a segunda opção”, sublinhou.

O diplomata russo também criticou a expansão da OTAN em direção à Ásia e pediu o fim de sanções econômicas dos EUA e de Países Europeus, acusando novamente a Ucrânia de apoiar grupos neonazistas.

Lavrov declarou que o modelo unipolar do mundo “que servia aos interesses do chamado ‘bilhão de ouro’ por conta dos recursos da Ásia, África e América Latina está indo para o passado, mas os EUA e seus aliados querem parar a marcha da história.

Lavrov reiterou que “Washington tenta fazer do mundo inteiro seu quintal” e usa as sanções como ferramenta de “chantagem política”.

Nesse contexto, o chanceler russo lembrou que as guerras na Iugoslávia, Iraque e Líbia foram desencadeadas “sob pretextos fictícios”. “Cite um país em cujos assuntos Washington interveio pela força e, como resultado, a vida melhorou”, desafiou.

Sobre o comportamento dos EUA em relação à Rússia, o ministro declarou que o Ocidente quer “conseguir o desaparecimento de uma unidade geopolítica que é muito independente do mapa político mundial”.

Lavrov assinalou que Moscou, por muitos anos, propôs “acordar regras de convivência na Europa com base no princípio de segurança igual e indivisível, consagrado ao mais alto nível em documentos da Organização para Segurança e Cooperação na Europa”. A Rússia apresentou suas últimas propostas a esse respeito em dezembro de 2021, mas recebeu “uma recusa arrogante” em resposta, disse.

A incapacidade desses países de chegar a um acordo e “a guerra do regime de Kiev contra seu próprio povo não nos deixaram escolha a não ser reconhecer a independência das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk e lançar a operação militar especial”, frisou, apontando que o objetivo da intervenção do Exército é defender os cidadãos do Donbass e eliminar as ameaças à segurança russa.

“Tenho certeza de que qualquer Estado soberano que se respeite também agiria assim se estivesse em nosso lugar”, enfatizou.

Seu discurso ocorreu em meio à operação militar russa na Ucrânia e à realização de referendos sobre a adesão à Rússia nas repúblicas populares de Donbass e nas regiões de Kherson e Zaporizhia, além da pressão exercida pelo Ocidente sobre Moscou por meio de sanções políticas e econômicas.

Papiro