EUA provocam crise na Ucrânia e se beneficiam do caos energético na UE
Os EUA provocaram o conflito na Ucrânia e agora observam o desastre energético que está se desenvolvendo na União Europeia (UE), obtendo simultaneamente grandes lucros, disse Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
A afirmação foi feita numa coletiva de imprensa na sexta-feira (2), em resposta a pedido de que ele comentasse a escassez de gás enfrentada pela UE devido às sanções contra a Rússia, e que agora precisam comprar hidrocarbonetos aos EUA no outro lado do Atlântico, a preços muito mais elevados.
“A escalada da crise ucraniana tem se prolongado por mais de meio ano, o que demonstra, uma vez mais, que as sanções unilaterais de Washington e do Ocidente não podem resolver o problema. Pelo contrário, os seus efeitos secundários e consequências continuam aumentando como uma bola de neve”, assinalou o porta-voz.
Zhao registrou que atualmente o preço do gás norte-americano no mercado europeu é cerca de dez vezes maior do que nos próprios EUA, de acordo com a mídia. As companhias dos EUA – ele acrescentou – obtêm lucros superiores a US$ 100 milhões por cada navio com gás natural liquefeito enviado à União Europeia.
“Os Estados Unidos iniciaram a crise na Ucrânia e são os principais beneficiários, e agora observam o conflito do outro lado enquanto ficam com os lucros. A comunidade internacional deveria refletir sobre isso e estar atenta”, concluiu o porta-voz da chancelaria chinesa.
As sanções decretadas por Washington e endossadas pelo bloco europeu contra a Rússia, ao provocarem uma escassez artificial de petróleo, gás, fertilizantes e grãos russos, tiveram como efeito colateral, inesperado para os aprendizes de feiticeiro, que os preços – especialmente de combustíveis e alimentos – subiram muito, empurrando a inflação para recordes não vistos desde os anos 1980, o que afeta particularmente os europeus, já que os EUA têm petróleo e gás, e a estagflação ameaça voltar – aquela situação em que a economia encolhe, os preços incham e o povo se desalenta.
Muitos já falam no próximo “inverno do descontentamento” na Europa – sob a pressão de Washington para anexar a Ucrânia à sua aliança bélica, a OTAN.
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Papiro