“Não admitimos estímulo à secessão”, afirma a porta-voz Mao Ning (MRE da China)

O governo da China apresentou um forte protesto contra os Estados Unidos, na segunda-feira (19), depois que o chefe da Casa Branca, Joe Biden, afirmou que as tropas daquele país interviriam se Pequim “atacasse” Taiwan.

“Estamos dispostos a fazer todo o possível para lutar pela reunificação pacífica. Ao mesmo tempo, não toleraremos qualquer atividade que vise a secessão”, sublinhou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em coletiva de imprensa.

As ameaças de Biden foram proferidas no dia 18 de setembro, à noite, em entrevista ao canal CBS.

A porta-voz Mao Ning, poucas horas depois, enfatizou que “Taiwan faz parte do nosso país, e o Governo da República Popular da China é o único governo legítimo dela”.

Da mesma forma, a diplomata assegurou que os Estados Unidos “enviam um sinal ruim e grave às forças separatistas de Taiwan”, fazendo declarações intervencionistas no afã de dividir a China.

As contradições entre Pequim e Washington vêm aumentando desde a visita em agosto passado da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi que levou a um aumento dos exercícios militares da China no estreito.

Jogando para aumentar as tensões naquela região, o Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos apresentou, na última quinta-feira, um projeto de ajuda militar direta a Taiwan avaliado em aproximadamente 4,5 bilhões de dólares, medida que provocou alertas tanto da China quanto de vozes anti-guerra nos Estados Unidos de que tal política aumenta a probabilidade de conflito armado.

A China, por sua vez, alertou os EUA para “contramedidas”, se não revogar “imediatamente” a venda de armas a Taiwan.

O senador do Partido Democrata Ed Markey (Distrito de Massachusetts) votou contra o projeto, explicando em um comunicado que tem “sérias preocupações sobre as disposições que, na minha opinião, minam a política dos EUA de ‘Uma China’ e ameaçam desestabilizar a região.”

“Temos a responsabilidade de fazer tudo o que pudermos para evitar uma situação que possa levar dois países com armas nucleares a um conflito. A diplomacia deve permanecer no centro de nossa política de Taiwan”, acrescentou Markey, que um tempo atrás tinha posições mais agressivas e havia sido criticado pelo grupo pacifista CodePink por participar da visita do Congresso no mês passado a Taiwan.

Os senadores Chris Murphy, Rand Paul, Brian Schatz, e Chris Van Hollen também votaram contra a medida.

Não está claro se o presidente dos EUA, Joe Biden, assinará o projeto de lei se for aprovado pelo Congresso. Embora a Casa Branca diga que apoia partes da medida, funcionários do governo Biden disseram que o projeto “não unifica a base do governo e arrisca derrubar a política sob a qual os EUA há mais de 40 anos construíram laços com Pequim, evitando declarar formalmente sua posição sobre a soberania de Taiwan.”

Dave DeCamp, editor de notícias do site Antiwar.com , destacou que, se aprovado, o projeto “será a mudança mais radical na política dos EUA em relação a Taiwan desde a década de 1970 e tornará a guerra muito mais provável”.

Papiro