Bolsonaro faz palanque eleitoral em Londres | Foto; reprodução/Twitter

O título do jornal britânico The Guardian, sobre o que Jair Bolsonaro fez em sua viagem aos funerais da rainha Elizabeth II – “Usou o caixão da rainha para fazer campanha eleitoral”, sintetiza bem o vexame que ele aprontou, em sua tentativa de reverter a alta rejeição dos brasileiros à sua candidatura. Diplomatas destacaram a “falta de sobriedade” de Bolsonaro em Londres.

Da sacada da residência oficial da embaixada brasileira na capital inglesa, ele afrontou a lei – que impede o uso de estruturas oficiais para fins eleitorais – e discursou para apoiadores pedindo votos. A atitude gerou desconforto entre diplomatas e críticas de adversários na corrida eleitoral. A candidata do União Brasil à Presidência, Soraya Thronicke, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíba Bolsonaro de usar imagens da viagem a Londres na campanha eleitoral.

Não satisfeitas, as hordas dos fanáticos apoiadores de Bolsonaro tumultuaram as ruas de Londres e agrediram até os repórteres ingleses. Os bolsonaristas hostilizaram profissionais de imprensa que faziam a cobertura da passagem de Bolsonaro pela Inglaterra.

Um dos apoiadores de Bolsonaro chegou a mandar um britânico “voltar à Venezuela”. Para fontes ouvidas, a postura “é descabida e não traduz as condolências que o Brasil presta e nem a diplomacia entre as duas nações”.

Com o país vivendo uma de suas maiores crises, a inflação dos alimentos nas alturas, os juros mais altos do mundo, 33 milhões de brasileiros passando fome e 50 milhões de desempregados e subempregados, Bolsonaro fez propaganda de si mesmo. “‘Estamos no caminho certo’”, declarou o presidente brasileiro aos apoiadores vestidos de amarelo que se reuniram do lado de fora do prédio, a menos de duas milhas de Westminster Hall, onde estava sendo velado o corpo da rainha.

Durante uma entrevista, assim que chegou, zombou dos ingleses dizendo que “todo mundo vai ter um ponto final”. E acrescentou, com claro objetivo eleitoreiro que, “na hora do juízo final, não vai ter ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para descondenar uma pessoa e torná-la elegível”, uma referência à anulação das condenações do ex-presidente Lula, que lidera todas as pesquisas eleitorais.

Depois ele perdeu a compostura e abandonou a entrevista quando foi questionado sobre o uso eleitoreiro dos funerais. “Você acha que eu vim aqui fazer política?”, disse Bolsonaro. O correspondente do Guardian na América Latina, Tom Phillips, divulgou em suas redes sociais as agressões dos bolsonaristas aos jornalistas ingleses.

A transformação oportunística do funeral da rainha Elizabeth em comício eleitoral por parte do presidente Bolsonaro (PL) virou destaque nos principais meios de comunicação dos EUA e da Europa. Outro jornal inglês, o The Sun, também noticiou que “o presidente de extrema-direita se dirigiu a um comício das janelas da embaixada de seu país e agitava uma pequena multidão que se reunia do lado de fora”.

O The Sun noticia que “o presidente de extrema-direita se dirigiu a um comício das janelas da embaixada de seu país e agitava uma multidão que se reunia do lado de fora”. Por sua vez, o Independent afirma que “Bolsonaro é acusado de transformar visita a funeral da rainha em comício político”. O site destaca que “Bolsonaro realizou um comício eleitoral improvisado ao fazer um discurso ao ar livre em Londres”. O portal, assim como boa parte da mídia brasileira, dá como certa a derrota dele para Lula no próximo dia 2 outubro.

O The Times afirma que, além de ter usado o funeral de Elizabeth II para fazer comício, Bolsonaro aproveitou a viagem para comparar os preços da gasolina da Inglaterra com o do Brasil sem levar em conta as diferenças salariais entre o Brasil e a Inglaterra. O Times também destacou o fato de que a derrota do mandatário é iminente na votação que vai ocorrer no dia 2 de outubro.

O vexame de Bolsonaro também repercutiu nos Estados Unidos. “Bolsonaro faz discurso raivoso em tom de campanha antes de comparecer ao funeral da rainha”, noticiou o US News. “O ex-capitão do exército de extrema-direita, Bolsonaro, falou brevemente sobre o legado da Rainha, antes de acusar a oposição de tentar implantar o comunismo no maior país da América Latina”, diz o US News sobre Bolsonaro em Londres.

Além disso, o US News afirmou que Bolsonaro é uma ameaça à democracia e que preocupa outros líderes. “Os líderes ocidentais estão cada vez mais preocupados com seu compromisso com a democracia. Ele tem repetidamente feito ataques infundados ao sistema de votação eletrônica do Brasil e insinuou que pode não aceitar os resultados da eleição se perder”, destaca o site estadunidense.

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