Bolsonaro segue demonstrando machismo e ampliando rejeição entre mulheres
Dentre as muitas marcas negativas cuidadosamente construídas por Jair Bolsonaro (PL) ao longo de sua carreira política e em especial em seu mandato presidencial estão o machismo e a completa falta de tato com as mulheres. Se Bolsonaro achou que estava “arrasando” ao bravatear sua suposta virilidade entoando gritos de “imbrochável” no 7 de Setembro e ao voltar a usar o termo recentemente em Nova York, a vida mostra que mais uma vez o mandatário está enganado.
De acordo com pesquisa Datafolha do dia 15 de setembro, Bolsonaro é rejeitado por 56% das mulheres, que representam 52% do eleitorado. O índice das que se negam a depositar seu voto no atual presidente é maior do que a rejeição geral dele, que pela mesma pesquisa ficou em 53%. Levantamento do mesmo instituto feito nos dias 8 e 9 de setembro mostrou que para 51% dos entrevistados, o presidente é, dentre os candidatos, o que mais ataca as mulheres. Entre elas, o índice foi de 54%.
Os dados indicam que a tentativa de se mostrar mais afeito às mulheres, usando inclusive a primeira-dama Michelle Bolsonaro em programas e eventos, não surtiu o efeito esperado.
Sabedor da alta rejeição que, não à toa, cultivou no público feminino, o presidente tenta, orientado por sua campanha, mas de maneira errática, se aproximar das mulheres. Porém, sua verve de “macho tóxico” é mais forte e vira e mexe, ele volta a meter os pés pelas mãos, o que vem preocupando seus coordenadores.
No dia 14 de setembro, por exemplo, em comício no Rio Grande do Norte, Bolsonaro focou seu discurso nas mulheres e, desta vez, ignorou apoiadores que voltaram a puxar o coro de “imbrochável”. Mas, em sua passagem por Nova York na terça-feira (20) após discursar na ONU, durante encontro com seguidores, voltou ao termo ao declarar: “Além de imbrochável, eu sou outras coisas também”. Outro fato recente que também pesou contra Bolsonaro foi o ataque que fez à jornalista Vera Magalhães, durante debate da Band no dia 28 de agosto, quando deu mais uma demonstração de seu machismo.
Segundo informou a jornalista Andréia Sadi no G1, “pesquisas qualitativas feitas pelo QG da reeleição já haviam identificado a postura machista do presidente em 7 de Setembro como um dos motivos para a rejeição das eleitoras a Bolsonaro não baixar”. Ainda de acordo com a colunista, o cientista político Felipe Nunes, da Quaest, afirmou que “Bolsonaro se ‘destruiu’ ao puxar o coro de ‘imbrochável’ em 7 de Setembro, e que a campanha parece não compreender que ‘não se trata dele, mas delas’”.
Ao que tudo indica, o “ele não” continua forte e vem fazendo a diferença quatro anos após as manifestações comandadas pelas mulheres em 2018 contra Bolsonaro e o machismo.