Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), importante ferramenta de gestão de dados de saúde pública do país, é mais um alvo do governo de Jair Bolsonaro para garantir os R$ 19,4 bilhões a seus aliados através do orçamento secreto. A proposta de Orçamento para 2023 enviada ao Congresso Nacional prevê um corte nominal de 58% na verba do departamento, que é responsável pela gestão dos sistemas do SUS sobre filas de atendimento e armazenamento de dados de milhões de usuários do sistema de saúde. Além disso, geriu, durante a pandemia, dados e números da Covid-19 e certificações de vacinação.

Pela proposta do governo, o DataSUS teria apenas R$ 140,2 milhões disponíveis no próximo ano, cerca de R$ 190 milhões a menos do que em 2022. Antes do desmonte de Bolsonaro ao sistema, os recursos reservados ao DataSUS eram de R$ 512 milhões, em 2019, vindo despencando desde então, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

No ano passado, sob a gestão dos negacionistas à frente do Ministério da Saúde, o sistema do departamento foi invadido por hackers que expuseram dados e informações do governo e provocaram um “apagão” no sistema em plena pandemia, comprometendo o ConectSus, plataforma onde ficam armazenadas as informações sobre a vacinação dos brasileiros.

Para o médico sanitarista e pesquisador Giliate Coelho, o DataSUS armazena “informações que precisam estar muito bem protegidas”, declarou o ex-diretor do DataSUS em 2015, à Folha.

Em nota, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) cobrou que seja uma prioridade fortalecer os sistemas de informação e as tecnologias de proteção de dados no âmbito da saúde. “Além disso, o enfraquecimento do sistema público de saúde, decorrente da redução progressiva no financiamento federal, é grave e precisa ser corrigida com urgência”, afirmou o conselho.

O corte ao DataSUS é mais um dos ataques do governo Bolsonaro ao sistema de saúde público. Na proposta de Orçamento para 2023, prevê-se, ainda, um corte de 42% nas verbas discricionárias do Ministério da Saúde. Se a proposta passar, programas como o Farmácia Popular e o Médicos pelo Brasil vão perder mais da metade de seus recursos em favor do corrupto orçamento secreto.

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