Banco Central | Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros da economia em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (21), após promover durante um ano o maior arrocho monetário deste 1999. Com a decisão, o arrocho continua, com o Brasil campeão mundial de juro real, descontada a inflação para os próximos 12 meses, entre 40 países, segundo o portal MoneYou e pela gestora Infinity Asset Management.

Desde março de 2021, a taxa Seli foi elevada 12 vezes consecutivas, uma alta de 11,75 pontos percentuais, quando o país ainda sofria e sofre as consequências da pandemia e da paralisia na economia, agravada por um governo negacionista, que sabotou a vacinação, cortou invetimentos em ciência, saúde e educação e promoveu a discórdia. Cerca de 700 mil vidas foram ceifadas.

Com o desemprego alarmante e o descaso de Bolsonaro com os programas sociais que atendem aos que mais precisam, a fome explodiu no país, atingindo 33 milhões de brasileiros.

Assim como explodiu a inflação, mantendo os preços dos alimentos e insumos dolarizados e os preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da energia nas alturas, levando famílias às filas de ossinhos e caçambas por restos de comida nos supermercados.

O aumento de juros a pretexto de reduzir a inflação não teve efeito nenhum, como observou o economista José Luis Oreiro, em entrevista ao HP. “A inflação só cedeu um pouco nos últimos dois meses porque o governo reduziu o ICMS sobre os combustíveis e sobre eletricidade e isto deu deflação em dois meses. É por isto que a inflação este ano vai fechar menor que a previsão, não foi por causa da elevação dos juros”, declarou.

Já os preços dos alimentos, não param de subir, corroendo o orçamento das famílias. Enquanto o juros subiam, o salário caía. A inadiplência em julho atingiu 67,6 milhões de brasileiros, a maioria com dívidas em bancos e cartões impactadas pelos juros extorisivos, em meio ao desemprego elevado e 39 milhões no trabalho precário.

Sete das nove áreas pesquisadas pelo IBGE tiveram alta no IPCA de agosto. Apenas transportes e comunicação registraram deflação: vestuário: +1,69%, saúde e cuidados pessoais: +1,31%, educação: +0,61%, despesas pessoais: +0,54%, artigos de residência: +0,42%, alimentação e bebidas: +0,24%, habitação: +0,10%, comunicação: -1,10% e transportes: -3,37%.

Enquanto os juros subiam, a produção industrial caía. No ano, até julho, a indústria acumula queda de 2,0% e, em 12 meses, o acumulado foi -3,0%. Vendas no comércio recuam 0,8% em julho pelo terceiro mês seguido.

Por outro lado, enquanto o juro subia, o governo Bolsonaro transferiu de recursos públicos a bancos R$ 586,4 no acumulado de doze meses até julho. Em um ano, foram mais R$ 200 billhões,

Segundo o economista Oreiro, é “o maior programa de transferência de renda da história, de toda sociedade, para o 1% mais rico do País. Enquanto isso, estamos vendo os indicadores econômicos, por exemplo, o setor do varejo, na transição de julho para julho, veio em queda, o varejo restrito e ampliado. O efeito da reabertura da economia está se esgotando. Nós temos 33 milhões de brasileiros passando fome, e são quase R$ 600 bilhões transferidos para os mais ricos. É uma mentira dizer que há transferência no Brasil dos ricos para os pobres. O que tem é uma transferência de renda de toda a sociedade para os mais ricos. Eu repito, esse aumento em um ano de R$ 200 bilhões é três vezes o Auxílio Brasil. É transferir de toda a sociedade para os 1% mais ricos. Lógico que este pessoal está apoiando Bolsonaro, evidente, estão ganhando muito dinheiro”, afirmou o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB).

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