Bannon é réu e pode pegar até 15 anos de cadeia (Reuters)

Steve Bannon, ex-assessor de Trump e também influente no círculo próximo a Bolsonaro, foi acusado nesta quinta-feira (8), em Nova York, de fraude financeira em um caso de comprovado desfalque e lavagem de dinheiro.

O golpe financeiro de Bannon esteve ligado à promessa de construção de um muro entre os Estados Unidos e o México, feita durante a campanha presidencial de Trump, eleito em 2016 e que governou até 2021.

Já acusado anteriormente pelo mesmo crime, Bannon acabou escapando de ser julgado em instância federal, salvo por um indulto presidencial concedido por Trump em 19 de janeiro de 2021, um dia antes de deixar a Casa Branca para entregar o cargo a Joe Biden.

O republicano Bannon assessorou Trump desde o começo do mandato e posicionado na direção do projeto, que previa arrecadar fundos para construir o muro na fronteira sul dos EUA.

Ao todo, agora é réu em seis acusações: duas por lavagem de dinheiro, uma por fraude, e três por conspiração. A ação é impetrada pelo procurador de Manhattan, Alvin Bragg, e pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James.

“Quando o Sr. Bannon criou uma estrutura de captação de recursos para financiar a construção desse muro, milhões de dólares foram roubados para encher seus bolsos e os de outros amigos politicamente próximos”, denuncia Letitia James.

“A simples verdade é que é um crime lucrar com contribuições de doadores sob falsos pretextos”, afirmou o promotor Alvin Bragg, explicando que as acusações foram feitas lá porque centenas de moradores de Nova York estavam entre os doadores. Bannon pode pegar até 15 anos de prisão se for condenado.

Ele foi apresentado à promotoria na cidade algemado e, no tribunal, se disse inocente e foi liberado pelas autoridades para se apresentar novamente no dia 4 de outubro. Na saída, disse a jornalistas que é alvo de perseguição política.

O processo foi iniciado em agosto de 2020, quando a campanha “We Build the Wall” (Nós construímos o muro) já havia arrecadado cerca de US$ 25 milhões (R$ 130 milhões) em doações de pessoas físicas para levar a cabo

a proposta do então presidente de ampliar as barreiras físicas que separam os EUA do México para evitar a entrada de imigrantes.

No entanto, o perdão de Trump é a nível federal; a nova acusação é estadual. A medida faz parte dos esforços de advogados de Manhattan para reverter perdões presidenciais que violaram leis federais.

Por outro lado, o Departamento de Justiça, como parte de sua investigação sobre o atentado seguido de invasão ao Capitólio dos Estados Unidos ocorrido em 6 de janeiro de 2021, agora está examinando a gestão e os gastos do comitê de ação política “Save America” criado por Trump após sua derrota eleitoral e por onde também se arrecadou milhões de dólares em doações para promover sua versão falsa de que lhe foi negada a vitória por fraude na apuração. Procuradores federais apontam que também neste caso Bannon ajudou a estruturar a campanha e desviou até 1 milhão de dólares alegando “despesas pessoais”.

Em recente documentário divulgado pela rede britânica BBC, Bannon elogia o mandatário brasileiro e o compara a Trump. “Vocês estavam completamente errados sobre [o sucesso de] Trump, completamente errados sobre Bolsonaro. Coloque seu preconceito de lado, coloquem de lado os nomes pelos quais você os chama e olhe para os fatos. Estamos só começando, não vai parar.”

Bannon é próximo também do deputado Eduardo Bolsonaro, com o qual participou de encontros junto com figuras vinculadas ao governo, como Olavo de Carvalho, morto no começo do ano.

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