Auxílio Brasil só paga cesta básica em 5 de 17 capitais
Pelo menos 2,4 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil vivem em cidades onde não conseguem comprar a cesta básica com o total do valor do benefício, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O custo da cesta ultrapassou o valor pago de R$ 600 do Auxílio Brasil em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo órgão: São Paulo (R$ 749,78), Porto Alegre (R$ 748,06), Florianópolis (R$ 746,21), Rio de Janeiro (R$ 717,82), Campo Grande (R$ 698,31), Vitória (R$ 697,39), Brasília (R$ 689,31), Curitiba (R$ 685,69), Goiânia (R$ 660,83), Belo Horizonte (R$ 638,19), Belém (R$ 634,85) e Fortaleza (R$ 626,98).
Em um ano, o preço da cesta básica subiu em todas as capitais, com variações de altas que oscilaram entre 12,55% e 21,71%, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada em agosto pelo DIEESE. Somente em cinco capitais o benefício é suficiente para comprar uma cesta básica: Recife (R$ 598,14), Natal (R$ 580,74), Salvador (R$ 576,93), João Pessoa (R$ 568,21) e Aracaju (R$ 539,57).
Em agosto, um total de 20,2 milhões de beneficiários em condição de vulnerabilidade social recebeu o mínimo de R$ 600 referente ao Auxílio Brasil, segundo o Ministério da Cidadania. Mas há um contingente de brasileiros que ainda buscam receber o benefício diante da adversidade financeira que foi agravada nos últimos anos pelo desemprego, a queda da renda e a pressão da inflação dos alimentos e das demais despesas do dia a dia.
De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN), no Brasil, em números absolutos, são mais de 125,2 milhões de brasileiros que sofrem com algum nível de insegurança alimentar, sendo que 33 milhões passam fome.
Entre 2017-2018, eram 10,3 milhões de pessoas que viviam em domicílios com insegurança alimentar grave, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Números do Dieese apontam que, quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em agosto de 2022, 58,54% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos. Em agosto de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 55,93%.
A situação se agrava ainda mais com a explosão da informalidade do trabalho no país que levam milhões de brasileiros a viverem com renda até um salário mínimo. No final de 2021, esta era a realidade de 33 milhões de trabalhadores, segundo levantamento
da LCA Consultores, realizado com base nos indicadores trimestrais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do IBGE.
De lá para cá, com a estagnação econômica, somada a inflação e o desemprego elevado, o mercado de trabalho brasileiro pouco reagiu e a renda do trabalhador continua a cair. São mais de 39 milhões de pessoas, ou quase 40% da força de trabalho no país na informalidade, segundo dados recentes do IBGE.
Junta-se a isso, a população abertamente desempregada, estimada em 9,9 milhões, os mais 4,2 milhões de “desalentados”, pessoas que desistiram de procurar emprego por não acreditar que há oportunidade ou por outros motivos.
A soma dos que estão sem emprego algum com aqueles que fazem bicos vai a 24,3 milhões (“subutilizados”).
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