Deputada Sahra Wagenknecht convoca alemães contra adesão às sanções (Foto: Divulgação)

A deputada Sahra Wagenknecht, do Partido Die Linke ( A Esquerda, com integrantes do Partido Comunista da Alemanha em sua formação), afirmou que as medidas contra Moscou, longe de alcançar o fim da guerra com a Ucrânia, só contribuem para prejudicar a Europa e a Alemanha.

“Estamos destruindo nossa indústria e nossa classe média, isso é loucura!”, sublinhou.

A parlamentar assinalou que “são urgentemente necessárias manifestações e protestos contra as políticas do Governo Federal”, ao mesmo tempo em que apontou que as pessoas devem se proteger do abandono social do Governo devido ao aumento dos preços de combustíveis e derivados, assim como dos alimentos.

“Estamos falindo e, graças à explosão dos preços, a Rússia ganha mais do que antes. Putin está morrendo de rir da gente”, disse ironicamente, mostrando como o aumento dos lucros da estatal russa Gazprom em meio ao conflito frustra aquilo que Washington seguido por uma União Europeia submissa esperavam.

Para Wagenknecht, a Rússia está redirecionando para o mercado asiático e em particular para a China os recursos energéticos que antes enviava para a Europa. A indústria alemã se vê sufocada, observa a deputada, pois depende das fontes de energia mais baratas a partir das quais vinha a oferta do gás russo.

A deputada questionou se a Alemanha imporia sanções semelhantes a outras nações que violam Direitos Humanos, a exemplo da Arábia Saudita ou do próprio EUA e contra as quais até agora nada foi feito.

“É melhor fazer um acordo com a Arábia Saudita ou com os Estados Unidos, que bombardeiam e matam em outros países violando a lei internacional, e esses crimes nunca são punidos com sanções?”, perguntou.

Além disso, enfatizou Sahra, destacando o perigo nuclear envolvendo o conflito: “Uma escalada do conflito não é do interesse da Europa e devemos deixar isso claro para Zelensky”.

A oposição às sanções também se manifesta em empresas chaves na economia do país. Klaus-Dieter Maubach, CEO da empresa Uniper que é a maior importadora de gás na Alemanha, previu na terça-feira (6) que a situação energética da Europa, e particularmente de Berlim, deve piorar nos próximos meses. Ele advertiu que o preço do gás subiu exponencialmente nos últimos dois anos, e que é necessário discutir como sair de tal crise

“Já disse isto várias vezes ao longo deste ano, e estou advertindo aos formuladores de políticas que opior ainda está por vir”, disse na conferência Gastech 2022, em Milão, Itália.

“O que vemos no mercado varejista é 20 vezes o preço que vimos há dois anos, 20 vezes. É por isso que acho que precisamos ter uma discussão realmente aberta com todos assumindo a responsabilidade de como consertar isso”, afirmou Maubach, citado pelo canal CNBC.

A Uniper tem uma longa história de cooperação com a Rússia e mesmo após o início da operação militar na Ucrânia defendeu Moscou como uma fornecedora de energia confiável. No entanto,

devido à redução do fornecimento de gás russo para a Alemanha, a Uniper perdeu uma parte considerável de seus lucros. O governo do chanceler Olaf Scholz decidiu em julho lhe fornecer um subsídio de € 15 bilhões (R$ 77,92 bilhões) para segurar a oposição à adesão às sanções. Essas subvenções, porém, não devem se manter indefinidamente.

Papiro