Morre Gorbachev, que aderiu ao neoliberalismo e pôs fim à URSS
Aos 91 anos de idade, morreu em Moscou Mikhail Gorbachev, cuja incondicional adesão ao neoliberalismo, embasbacado com o charme de Thatcher e Reagan e os afagos da mídia ocidental, levou a União Soviética ao fundo do poço, pavimentando o caminho para o mundo unipolar e financeirizado sob Washington – hoje contestado pela própria Rússia e em crise aberta.
“Mikhail Sergeevich Gorbachev morreu esta noite após uma doença grave e prolongada”, informou o Hospital Clínico Central da Academia Russa de Ciências nesta terça-feira (30).
Detestado pelo povo russo e pelos soviéticos em geral pela devastação que causou – o PIB caiu pela metade, o patrimônio público foi assaltado a rodo e até a expectativa de vida encolheu -, ele continuará sendo paparicado nos círculos imperiais por ter “acabado com o socialismo e com a Guerra Fria”.
Certa intelectualidade seguirá saudosa da suas “perestroika” e “glasnost” – nomes pomposos para os fracassos que implementou. Dele disse nosso Leonel Brizola: “rendeu-se à ideologia do inimigo”.
Em reconhecimento pelos serviços prestados, ‘Gorba’ – para os íntimos, tipo Bush Pai – recebeu um Prêmio Nobel e algumas verdinhas. Nas eleições presidenciais de 1996, obteve 0,52% dos votos no primeiro turno.
Em 2011, Gorbachev comemorou os seus 80 anos com uma noite de gala em Londres, no sofisticado Royal Albert Hall, com a presença de políticos, estrelas do mundo pop e cantores de ópera. Em 2013, devido a problemas de saúde, ele já não pôde comparecer ao enterro da ex-premiê Thatcher, acontecimento festejado pelos ingleses com a canção “a bruxa morreu”.
Perto de finar-se, Gorbachev teve de ver a obra de sua vida inteira ir pelo ralo. A Rússia renasceu, está dando um basta ao mundo unipolar com o nyet à OTAN na Ucrânia, o socialismo avançou sob a forma chinesa, e o mundo multipolar vem raiando.
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Papiro