Legenda: Registros fechados pela Gazprom sustam fluxo de gás para a França inadimplente | Foto: Vesa Moilanen/AFP

A Rússia anunciou oficialmente nesta terça-feira (30) a suspensão do abastecimento de energia para a França devido ao não pagamento pelo gás consumido no mês de julho.

A Gazprom, gigante russa na produção e distribuição de hidrocarbonetos, responsabilizou a Suez e a Gaz de France, maiores empresas de serviços públicos (distribuição de eletricidade, gás natural, petróleo e energias renováveis) pela medida.

O atraso nos pagamentos se dá em meio ao esforço russo no enfrentamento do conflito na Ucrânia, impulsionado criminosamente pelos Estados Unidos e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“A suspensão completa dos suplementos de gás será feita já a partir desta quinta-feira (1) e isso até que não se receba a totalidade das dívidas acumuladas pelas entregas”, esclareceu a Gazprom. O grupo francês não comentou a decisão, mas a primeira-ministra do país, Elisabeth Borne, declarou que estavam sendo buscadas “outras fontes de precisão”, embora sem indicar quando nem quais.

A entrega do gás russo já havia sido reduzida de forma expressiva desde que, há mais de seis meses, começou o conflito na Ucrânia, com a França capitulando diante da política belicista estadunidense. Frente à agressão europeia e ao pacote de sanções imposto por Washington, a Rússia tem diminuido a oferta de gás, inclusive depois que a chegada de turbinas recuperadas foi impedida devido ao conjunto de sanções importo por Washington, às quais o Canadá (onde foram recondicionadas as turbinas) se submeteu.

A medida da Gazprom está em sintonia com um decreto assinado em março deste ano pelo presidente russo Vladimir Putin que “proíbe a entrega de mais gás natural a qualquer comprador estrangeiro que não tenha pago a totalidade da dívida no prazo fixado em contrato” e exigindo também que os pagamentos sejam realizados em rublos e em bancos da Rússia, para evitar que os Estados Unidos sigam sequestrando dinheiro pertencente à Rússia, depositados em bancos europeus e norte-americanos.

A supensão do fornecimento do gás é mais uma volta no torquês que sufoca a economia francesa desde a adesão às sanções. Na semana passada o presidente francês, Emmanuel Macron, alertou para o “fim da abundância”, convocando para esta sexta-feira (2) uma reunião do Conselho de Defesa e Segurança Nacional para “avaliar a situação, assim como os cenários possíveis para preparar-se para todas as eventualidades de outono, como o inverno”.

Há poucos dias, o premiê austríaco, Karl Nehammer, alertou que é “preciso deter essa loucura” por parte da União Europeia.

Rússia suspende gás por três dias para manutenção

A Gazprom também comunicou a interrupção por três dias do fluxo de gás através do Nord Stream 1, devido a operações de manutenção.

O fluxo de gás pelo gasoduto no ponto de recepção na cidade alemã de Greifswald foi suspenso completamente a partir das quatro horas desta quarta-feira (31), segundo as operadoras de transporte de gás OPAL Gastransport e NEL. A rota de gás natural para a Alemanha pelo fundo do Mar Báltico permanecerá inativa até sábado, 3 de setembro.

Uma vez concluída a revisão, o transporte de gás será restabelecido a um nível de 33 milhões de metros cúbicos por dia, ou 20% da capacidade máxima.

Às vésperas da paralisação do gasoduto, a cotação das ações da Gazprom cresceu mais de 7% na Bolsa de Valores, além disso, ao invés das previsões de Washington de que as sanções quebrariam a economia russa, medidas comandadas por Putin têm permitido o crescimento das exportações do país, no terreno dos hidrocarbonetos e produtos agrícolas.

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