Camilo em exibição com fotos do pai, Che Guevara, em Buenos Aires em 2018 | Foto: MercoPress

Camilo Guevara March, filho mais velho de Ernesto (Che) Guevara e Aleida March, faleceu nesta terça-feira (30) aos 60 anos “por consequência de um tromboembolismo pulmonar que levou a um ataque cardíaco” durante visita a Caracas, informou a agência Prensa Latina.

Da união com Aleida, também combatente contra a ditadura de Fulgêncio Batista nasceram outros três filhos: Aleida, Celia e Ernesto. Che teve outra filha, Hilda, já falecida, de seu casamento anterior com a peruana Hilda Gadea.

Nascido em 20 de maio de 1962, enquanto Che era ministro das Indústrias de Cuba, seu nome foi uma homenagem a Camilo Cienfuegos, comandante cubano que lutou ao lado dele na Sierra Maestra, no leste da ilha, morto em outubro de 1959.

Formado em Direito do Trabalho, era diretor do Centro de Estudos Che Guevara, em Havana, instituição que guarda cartas, discursos e fotos, e está dedicada a perpetuar a obra e o pensamento do revolucionário argentino que participou da guerrilha e revolução que venceu a sanguinária ditadura de Batista, sustentada pelos Estados Unidos. Che se dedicou também a libertar a Bolívia de um regime opressor onde foi assassinado após detido em 1967.

Desde então o nome do pai de Camilo, Che Guevara, virou símbolo e bandeira de rebeldia contra toda opressão aos povos. O Movimento Revolucionário 8 de Outubro foi assim denominado em sua homenagem numa referência ao dia em que foi morto na Bolívia.

Entre as peças do Instituto ao qual se dedicou Camilo, textos de Che que são contribuições teóricas importantes para o debate em torno da construção do socialismo e na luta contra as concessões revisionistas no terreno da economia, a exemplo de sua obra, Apuntes Críticos a la Economía Politica (Apontamentos Críticos à Economia Política).

Camilo tinha clareza sobre o conjunto do que seu pai foi capaz de produzir e viver, portanto, condenava os que queriam esvaziar e negar sua visão humana e disposição ideológica, separando-a da sua história e trajetória anti-imperialista pois, dizia, “Che é um símbolo subversivo, no melhor sentido da palavra, um símbolo de resistência, de luta contra a dominação”.

O presidente cubano Miguel Díaz-Canel expressou a perda: “Com profundo pesar nos despedimos de Camilo, filho de Che e promotor de suas ideias, como diretor do Centro Che, que preserva parte do extraordinário legado de seu pai. Abraços para sua mãe, Aleida, sua viúva e filhas e toda a família Guevara March”, declarou o presidente.

Em dezembro de 2017, Camilo Guevara esteve na Itália, onde visitou a Fabbrica del Vapore, em Milão, durante a mostra “Che Guevara Tu e Todos”. Conforme expressou, “Tu e Todos é um resumo completo do legado que possui o Centro de Estudos Che Guevara. É uma história verdadeira e objetiva. É essencial que o público possa conhecer a vida de um homem que se mantém imortal porque é um homem que ainda tem muito que ensinar”.

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