O número de brasileiros indecisos na disputa à Presidência da República é o mais baixo para esta fase da campanha. Mesmo assim, a 40 dias do primeiro turno, há 11 milhões de eleitores que ainda não decidiriam em qual candidato devem votar. É o que aponta o a última pesquisa Genial/Quaest, feita entre 11 e 14 de agosto e detalhada agora pela BBC News Brasil.

“Os indecisos, principalmente na pergunta espontânea, são os mais baixos da nossa história e os indicadores de interesse são os mais altos em todos os estratos, em todos os segmentos” diz o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest. Além disso, mais de 80% dos que declaram voto ou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou no atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), dizem que a decisão é definitiva. Quem são, então, os indecisos?

Um recorte do levantamento tenta decifrar esse eleitor ainda sem opção de voto. Conforme a BBC, que se baseia em dados da Quaest, “a maioria dos atuais indecisos são mulheres (64%), católicos (50%) e pardos (48%)”. Eles “vivem na região Sudeste do país (47%), têm renda familiar de até 5 salários mínimos (83%), não concluíram o Ensino Fundamental (40%) e têm idade entre 45 e 59 anos (26%)”.

Felipe Nunes lembra que “a maior concentração de indecisos está dada nas regiões metropolitanas das capitais, principalmente do Sudeste do Brasil. A gente está falando, portanto, de gente que perdeu renda nos últimos anos”.

No conjunto do eleitorado, a pesquisa aponta que Lula lidera com 45% das intenções de votos, contra 33% de Bolsonaro. Porém, na maioria desses segmentos com mais indecisos – especialmente entre as mulheres e os católicos –, a vantagem do ex-presidente sobre o atual está acima da média geral. Em princípio, esse voto tende a ir mais para Lula – e pode definir a eleição até no primeiro turno. Trata-se de nada menos que 7% do eleitorado brasileiro.

A força da questão econômica, em cenário de crise, é um dos fatores que podem beneficiar o ex-presidente na busca do voto dos indecisos. “Bolsonaro é visto como quem representa a melhor solução para a violência e o Lula, a melhor solução para a economia”, resume o diretor da Quaest.

3ª via

Se a eleição for para o segundo turno, entra também em disputa o voto de quem não foi nem de Lula nem de Bolsonaro no turno inicial. Para onde pende a preferência dos atuais eleitores de Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e outros candidatos – algo como 20% do eleitorado, se somado aos indecisos?

O Datafolha, em sua última pesquisa, aponta que esses brasileiros também devem migrar em maior número para Lula: 37% votariam no ex-presidente, 36% dizem que votarão em branco ou nulo, 22% ficariam com Bolsonaro e 5% ainda não decidiram. Na visão do instituto, a principal razão é que a maioria desses eleitores indicam que Lula é “mais preparado para lidar com os problemas do País”. Ademais, 46% desse bloco rejeitam Bolsonaro, qualificando seu governo como “ruim” ou “péssimo”. As inclinações dos eleitores indecisos e da terceira via dão a Lula o favoritismo num eventual segundo turno contra Bolsonaro. Caso a eleição fosse hoje, o petista venceria o segundo turno por 54% a 37%, conforme o Datafolha, ou por 51% a 38%, de acordo com a Quaest.

Por André Cintra