China: “defenderemos a soberania frente à visita de delegação dos EUA”
No mundo “só há uma China e Taiwan faz parte dela”, afirmou o representante especial do Governo chinês para os Assuntos do Mar da China Oriental, Liu Xiaoming, em resposta à segunda visita provocação de uma delegação do Congresso dos EUA à ilha em menos de duas semanas e advertiu Washington a não interferir nos assuntos internos de Pequim.
“A principal razão para as atuais tensões no Estreito de Taiwan é que os líderes do Partido Democrático Progressista de Taiwan têm acenado solicitar apoio dos EUA em busca de uma independência de ficção, e algumas forças dos EUA têm tentado usar a questão da ilha para conter a China”, escreveu Xiaoming em sua conta no Twitter, no domingo (14).
Em 14 de agosto, uma delegação bipartidária de cinco congressistas norte-americanos chefiada pelo senador Ed Markey chegou a Taiwan para tratar das relações entre Taipei e Washington que, segundo eles, envolveriam segurança regional, comércio e investimento, mudanças climáticas e outros “assuntos de interesse mútuo”.
Este é um movimento “muito perigoso”, comparável a “brincar com fogo”, disse o diplomata em uma série de tweets. “Aqueles que brincam com fogo vão perecer por isso. Instamos os países envolvidos a respeitarem com seriedade o princípio de uma só China, a lidarem adequadamente com as questões relacionadas a Taiwan e parar de interferir em nossos assuntos internos”, acrescentou, reforçando a advertência que o presidente Xi Jinping já havia feito ao presidente dos EUA, Joe Biden, em conversa telefônica ocorrida em 29 de julho passado.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, alertou que com a sua visita não anunciada a delegação norte-americana cometeu “uma grave violação do princípio de uma só China” e das cláusulas dos três comunicados conjuntos assinados pelos EUA com Pequim. Washington infringiu assim a soberania e a integridade territorial da China e enviou um sinal falso às forças separatistas que defendem a independência de Taiwan.
Além disso, Wang pediu para resolver as questões relacionadas a Taiwan de maneira apropriada e parar de seguir o caminho errado de deturpar o princípio de “uma só China” para evitar prejudicar ainda mais as relações Pequim-Washington, a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan.
“MEDIDAS ENÉRGICAS”
Segundo Liu Xiaoming, as intenções das autoridades taiwanesas de buscar a independência da ilha com apoio estrangeiro “não levarão a lugar nenhum, e a política de usar a questão de Taiwan para conter a China está fadada ao fracasso”. Qualquer “indivíduo ou força que tente interferir” nos assuntos internos do gigante asiático e obstruir sua reunificação “baterá numa grande muralha de aço”, afirmou.
Além disso, advertiu que, caso “elementos separatistas ou forças externas” provoquem ou cruzem as linhas vermelhas de Pequim, “medidas enérgicas” serão tomadas.
A líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, se reuniu com os congressistas americanos nesta segunda-feira (15). A viagem dessa delegação ocorre 12 dias após a visita à ilha da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, que provocou duras críticas de Pequim.
Enquanto isso, um comunicado emitido pelo Exército Popular de Libertação (ELP) informou que “em 15 de agosto, o Teatro Oriental organizou uma patrulha conjunta de prontidão de combate e um exercício de combate real no espaço marítimo e aéreo ao redor da ilha de Taiwan”.
O documento acrescenta que as manobras constituem “um sério elemento dissuasivo para que os Estados Unidos (EUA) e Taiwan não continuem a fazer malabarismos políticos e a minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan”.
Nesta ocasião, participaram da ação militar desenvolvida na parte sudoeste da autodefinida Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) de Taiwan um total de 22 aviões caças J-16, J-10, SU-30 e J-11, um avião radar KJ-500, e seis navios militares chineses.
O jornal China Daily enfatizou que para Taiwan tais viagens levariam a um endurecimento do bloqueio militar e punição econômica, enquanto os políticos dos EUA enfrentariam sanções e restrições aos negócios com o país asiático, alertando que as consequências afetariam o mundo inteiro, pois, caso surgisse um conflito maior sobre o assunto, a inflação dispararia ainda mais, o preço dos alimentos aumentaria e a crise energética se agravaria.
“Somente Wall Street, os traficantes de armas e os políticos beligerantes dos Estados Unidos lucrariam com isso, às custas do povo”, precisou o jornal estatal.