Imagem mostra um dos vídeos em que Bolsonaro imita pessoa com falta de ar. Foto: reprodução

Em entrevista ao Jornal Nacional na noite desta segunda-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a mentir sobre fatos notórios e se esquivou de mostrar alguma compaixão ou arrependimento quando questionado sobre o fato de ter imitado pacientes com Covid-19 que sentiam falta de ar. O assunto foi um dos mais procurados no Google na noite de ontem. 

O candidato chegou a sugerir que as imagens fossem exibidas, como se isso fosse capaz de desmentir o fato, comprovado em mais de uma live. Em resposta, os vídeos (veja abaixo) voltaram a circular nas redes, como que para provar que mais uma vez Bolsonaro faltava com a verdade. E as buscas feitas pelo tema na internet subiram 4.700% na noite desta segunda-feira, conforme dados do Google Trends.

Na entrevista ao JN, a apresentadora Renata Vasconcellos questionou: “Agora, candidato, sobre o seu comportamento com as frases que eu mencionei, imitando pacientes com falta de ar, muitos viram isso como sinal de falta de compaixão, falta…”.  Ele a interrompeu e disse: “Eu queria que você botasse no ar essa… Eu imitando falta de ar”. 

Mais adiante, a apresentadora pergunta se ele se arrepende. Bolsonaro tergiversa e apenas responde: “A solidariedade eu manifestei conversando com o povo nas ruas…”. Na sequência, ela insistiu e novamente ele se desviou falando sobre as medidas que supostamente teria tomado, e dizendo: “Fizemos a nossa parte, tratei com muita seriedade essa questão”. 

Seriedade é o que não houve por parte de Bolsonaro. Em ao menos duas oportunidades, em lives pelas redes sociais, ele zombou de pessoas com falta de ar em decorrência da Covid-19: em 18 de março e em 6 de maio de 2021. Naquele momento, o país vivia uma de suas piores fases da pandemia, com altos índices de óbito, de pessoas internadas e de contaminação, e a vacina ainda não estava disponível. 

Março de 2021 registrou um dos índices mais altos de óbito por Covid-19: foram 66.868. No último dia do mês, o país teve 3.950 mortes; naquele momento, o mês era considerado o mais letal com relação ao coronavírus. A dor de nenhuma dessas pessoas ou de seus familiares tocou o presidente. No exato dia em que Bolsonaro fez sua live, 18 de março, o Brasil registrava novo recorde de mortes até aquele momento: foram 2.659 em 24 horas.

O mês de maio de 2021 fechou com mais de 59 mil óbitos, passando a ser o terceiro com mais mortes até aquele momento. Ainda assim, Bolsonaro não se compadeceu e novamente, em live no dia 6 de maio, voltou a caçoar de quem tinha falta de ar. Neste mesmo dia, houve 2.531 óbitos e o Brasil ultrapassava a marca de 15 milhões de casos e mais de 417 mil óbitos. 

Veja abaixo trechos dos dois vídeos.