A candidata a deputada federal pelo PCdoB do Distrito Federal, Ana Prestes em entrevista nesta quarta-feira (24) criticou o desmonte criminoso da estrutura de Estado do governo Bolsonaro.

Ana Prestes que é socióloga, cientista política, escritora, integrante da direção nacional do PCdoB e secretária nacional de Relações Internacionais do Partido, acredita que desde o golpe de 2016 sobre a presidenta Dilma Roussff, foi armado um projeto de desmonte da estrutura de Estado, “montado para dar um mínimo de apoio e sustentação social e econômica para o nosso desenvolvimento. O que estamos vendo deste então, e mais especificamente no governo Bolsonaro, tem sido esse desmonte, e esse desmonte é criminoso”, salientou a candidata.

Desmonte

Para ela, o período da pandemia do novo coronavírus foi propício para perceber o quão esse desmonte de programas sociais e políticas públicas estavam ocorrendo no país. “Numa emergência como essa que vemos que o Estado precisa atender as pessoas mais vulneráveis. É que se vê o quanto as pessoas precisam mais do governo”.

Segundo a candidata, essa foi apenas uma parte do desmonte. “A outra fase foi o total desgoverno econômico”, complementando que, “já vínhamos num processo relativo de desindustrialização, mas ela foi aprofundada, o nosso investimento e nossa capacidade de dar resposta logística para rodar a economia do país foi desestruturada. Entraram numa tese de privatização”.

Ambiente golpista

Ana Prestes comentou também na entrevista que tem “uma impressão muito ruim” dos ataques que Bolsonaro faz à democracia, ao sistema eleitoral e à justiça eleitoral. “Vão criando esse ambiente golpista”.

Educação e saúde no DF: Desafios

Ela citou a fala do presidente Bolsonaro na convenção eleitoral do PL, atual partido do presidente. “Ele não convocou seus apoiadores a votar no dia 2 de outubro, mas para ir no 7 de setembro para esse ultimato”. E questionou, é uma tentativa de quê?”.

A candidata falou ainda sobre os principais problemas do governo do Distrito Federal hoje como na educação. Para ela, um problema de gestão do governador Ibanês. “A educação tinha tudo para ser melhor, até já foi, inclusive de remuneração para os professores do Estado, que já foram os mais bem pagos do país”.

Para Ana, houve uma omissão do governo, de não realizar a valorização salarial dos profissionais de educação, reformas necessárias nas escolas, nas quadras e a falta de equipamentos para a rede de educação. “Muito difícil a situação que está hoje a educação”, considerou.

Sobre a situação na saúde pública do DF, a candidata relatou um cenário extremamente precário para a capital do país. “Um dos serviços mais problemáticos e com menores índices de aprovação da sociedade e não é por acaso”, disse, citando a intermitência na gestão da saúde, de recorrentes casos de trocas de secretários, corrupção, tentativa de privatização do SUS. Sem recursos humanos, materiais. Relatou ainda a falta de hospitais em lugares importantes e em alguns lugares não tem UTI, como é o caso de Planaltina, criticou.

Cenário eleitoral

Ana Prestes fez uma análise ainda da disputa eleitoral à presidência da República. Citou a pesquisa Ipec sobre a intenção de votos que apontou que Bolsonaro ainda está à frente no DF, diferentemente do resto do país, disse ela. Apesar do DF ser uma capital jovem e ter uma história muito recente, ainda carrega muitas chagas antigas, da história do nosso Brasil, uma relação coronelista com a política, sublinhou. “Guarda lealdade, fidelidade a figuras políticas, sem perceber que essas relações são prejudiciais no sentido que essas pessoas estão sendo exploradas, oprimidas. E acabam servindo a uma elite bastante privilegiada. O fosso da desigualdade é muito grande no DF. Tudo isso explica ainda a fidelidade ao Bolsonaro”.

Na entrevista, a candidata citou também que no DF tem uma presença bastante significativa de militares. “Nós temos uma grande parte da população de militares e muita gente que foi inclusive empregadas no governo Bolsonaro”. Falou ainda da “presença significativa de setores evangélicos que estão ainda apoiando esse governo, não são todos, é bom se dizer”. Para ela, há ainda muita manipulação da opinião pública na tentativa de atrair para esse lado da religiosidade, dos valores morais e fazendo uma demonização da esquerda.

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