Juliano Roso assume presidência do PCdoB-RS
Mais de 200 delegados representando os filiados do PCdoB do Rio Grande do Sul (PCdoB-RS) compareceram na Conferência Extraordinária do partido, realizada na tarde deste sábado (23). O encontro, além de aprovar a incorporação do PPL (Partido Pátria Livre), marcou a posse do novo presidente estadual, o ex-deputado estadual Juliano Roso.
No debate de balanço, o partido avaliou as eleições de Bolsonaro no país e Eduardo Leite no RS. O partido identifica uma grave onda conservadora que trás muitos desafios e a necessidade de uma frente ampla de resistência, que deve ser constituída pelos setores democráticos.

O PCdoB reafirmou sua defesa do papel do estado – este que sempre foi estratégico para o desenvolvimento do Brasil – mas que vem sendo ameaçado de destruição, seja como indutor do desenvolvimento, seja como garantidor dos direitos sociais fundamentais do povo, além de seu papel essencial na diminuição das brutais desigualdades que caracterizam a sociedade brasileira.

O PCdoB também reafirmou sua condição de partido de oposição responsável, no plano nacional e no plano estadual. “Não podemos admitir a destruição da democracia, do estado e dos direitos, como vem sendo a tendência no país. Aqui no Rio Grande, o governo Leite – apesar de ser de cunho neoliberal – tem um compromisso mais claro com a democracia, isso é importante neste momento tão grave”, afirmou o ex-presidente do PCdoB, Adalberto Frasson. Ele acrescentou que, apesar disso, o programa do novo governo é a entrega do patrimônio público do Rio Grande, política esta que será combatida com intensidade pelo PCdoB.

Resistência ativa

Juliano Roso, em seu primeiro discurso como presidente do PCdoB do RS, enalteceu a união com o PPL, que considerou como um somatório de forças de grande dimensão para o partido e para a luta popular no país. Com esta união, ambos superam a cláusula de barreira e o PCdoB passa a ter seu funcionamento pleno garantido.

Roso, falando da resistência e das perspectivas para o futuro, chamou a militância do PCdoB para “mergulhar” nas lutas sociais e intensificar o diálogo com a população frente aos retrocessos que já estão na pauta do país. “Vamos construir um grande movimento; frentes amplas em defesa da democracia, do SUS, da educação, contra a reforma da Previdência, pelos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTs, da juventude, e em defesa de empregos e trabalho digno”.

Para Roso, o PCdoB deve intensificar desde já sua preparação para a disputa eleitoral de 2020. “Nossa intenção é apresentar projetos próprios e chapas de vereadores nos principais municípios do RS”.

Finalizou com uma homenagem ao ex-presidente Adalberto Frasson, que há muitos anos estava à frente da sigla no estado.

União em defesa do Brasil

A ex-deputada Manuela chamou a atenção para a necessidade de mobilização da sociedade em defesa da paz, tendo em vista o risco do envolvimento do Brasil em uma guerra – desta vez nas nossas fronteiras (referindo-se a Venezuela). “Temos que denunciar os objetivos dessa guerra”.

Outra luta central, segundo ela, é em defesa do Brasil. “Temos que defender as políticas públicas essenciais ao povo, que hoje estão sendo ameaçadas!”. Ela cita a perseguição às universidades e o cancelamento de verbas para a pesquisa no país; a intenção de se acabar com o SUS; o fim de políticas voltadas a promoção dos direitos da mulher; das minorias.

O secretário nacional de Organização do PCdoB, Fábio Tokarski, apresentou um resumo da situação política do país após a vitória da ultra-direita. Conclamou ao trabalho militante e partidário para buscar uma grande reconexão com as bases, com os trabalhadores. “Nossa luta de resistência depende muito do PCdoB, da sua capacidade de unir forças em torno de uma frente ampla em defesa do Brasil”.

Já o presidente do PPL no RS, Werner Rempel, classificou a eleição de Bolsonaro como um grande retrocesso para o país. Trata-se, segundo ele, de um presidente que não preza pelos valores da democracia e da convivência. “Este momento agudo da história, no Brasil e no mundo, foi o que levou à união entre o PCdoB e o PPL. Vivemos em um mundo marcado por profundas e injustas desigualdades. E a ultra-direita, que chegou ao poder com Bolsonaro, quer que nos tornemos de novo uma colônia”, afirmou.

Ao final do evento foi aprovada a incorporação do PPL. Além disso, eleitos 13 delegados à plenária final do Congresso.

Juliano Roso foi vereador por três mandatos e vice-prefeito em Passo Fundo. Foi deputado estadual entre 2014/18.