Ariano Suassuna dizia que quando ouvia alguém negar a distinção entre direita e esquerda, logo reconhecia no declarante um ex-militante de esquerda.

Por Luciano Siqueira*
Observação semelhante cabe a respeito de quem afirma que partido político da natureza do PCdoB já não é necessário, seu tempo histórico findou.

Partindo de quadro político tarimbado, de prolongada militância, vai nessa falsa assertiva a negação da perspectiva revolucionária, acomodamento ao status quo (visto como modificável apenas parcialmente) e opção por projeto de natureza individualista, de curto descortino.

Mas o fato é que nas novas e complexas condições da luta emancipadora, mais do que nunca é necessário um partido assentado na teoria marxista-leninista, movido pelo ideal socialista, ousado no esforço de elucidar os fenômenos atuais — sem esquemas rígidos ou dogmatismo — e determinado a recriar alternativas e formas de luta.

Mais do que necessário, imprescindível.

É sob essa aura que o Partido Comunista do Brasil realiza o seu 14° Congresso no próximo fim de semana, em Brasília.

Ainda limitado em sua força organizativa, é verdade, porém teórica e politicamente amadurecido e apto a encarar, nas circunstâncias brasileiras, a nova luta pelo socialismo.

Reafirma princípios e se renova para dar conta das transformações que se operam em sua base social — o proletariado — sob a quarta revolução industrial.

Reúne sustança programática e experiência tática.

Transfere gradativamente seu comando dirigente, com êxito, às novas gerações de quadros.

Comparece ao concerto político nacional – onde sustenta maduras e mutuamente respeitosas relações com todo o espectro partidário e goza de reconhecimento e prestígio – com pré-candidatura própria à presidência da República — uma mulher jovem, cativante e ao mesmo tempo competente, preparada, corajosa e hábil, a deputada Manuela D’Avila.

O projeto de resolução posto a debate neste 14° Congresso diferencia o PCdoB na cena nacional por apresentar análise ampla, circunstanciada e consistente – dos governos Lula-Dilma e do golpe parlamentar-judiciário ao momento atual. E indica elementos essenciais de uma plataforma capaz de unir amplas forças sociais e políticas, tendo como fio condutor a restauração do Estado nacional como indutor do desenvolvimento.

Também diferencia o PCdoB o elevado grau de unidade, fruto de um persistente exercício democrático interno que lhe permite mover toda a inteligência militante coletiva.

Assim, ao contrário de obsoleto ou historicamente ultrapassado, o PCdoB segue adiante como velho, experiente, moderno e renovado partido — com o jeito de nossa gente e a cara do socialismo.

*Médico, vice-prefeito do Recife, membro do Comitê Central do PCdoB