A Ecologia e o Meio Ambiente, gradativamente, parecem estar ganhando destaque na cobertura dos meios de Comunicação. Esse processo enfático é capaz de estar associado à realização, em 1992, da Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio – 92, que reuniu, na capital carioca, os principais líderes mundiais a fim de discutirem as questões de preservação dos recursos naturais.

Por Mateus de Oliveira da Silva*

Com término do evento, a temática ambiental pode ser adequada ao escaninho

particularizado, diminuindo seu espaço de veiculação junto à mídia de massa, ganhando voz na Comunicação segmentada e especializada. No entanto, a chegada de um Tsunami, que assolou ilhas e parte do continente na região do Oceano Índico, em 2004, pode ser considerado um despertar para a adormecida preocupação com a Natureza e suas reações diante do descaso e da exploração humana. Daí em diante, o assunto á capaz de ser assinalado como parte do todo midiático cotidiano.

 

Em 29 de agosto de 2005, ou seja, cerca de oito meses após o Tsunami, a área litorânea no sul dos Estados Unidos, sofreu com a destruição trazida pelo furacão Katrina. Esses incidentes, seguidos de outros com proporções variáveis, fizeram soar o alerta para a causa ambiental, não mais ignorada ou relegada ao plano secundário. Dessa forma, Ecologia e Meio Ambiente voltaram a ganhar espaço em programas específicos dos canais de TV aberta e por assinatura, revistas, jornais, rádio, internet, entre outros.

 

A criação dessa atmosfera de urgência em relação à preservação da Natureza tornou público e mais abrangente o debate que, desde o início do século passado, era pontuado pelos ambientalistas, focando a excessiva exploração dos recursos naturais em prol do crescimento econômico. A consequência dessa posição pode ser traduzida através da destruição da biodiversidade e do desequilíbrio climático que, com o passar dos anos, é capaz de tornar as catástrofes mais comuns.

 

O repensar ecológico e ambiental parece exigir mudanças no processo de produção das empresas, que passaram a ter que se preocupar em utilizar, de maneira consciente, os recursos naturais. Porém, a reposicionamento postural pode ter ficado mais na esfera do discurso, ainda distante de uma prática visível.

 

As necessidades e as exigências das configurações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas acima pinceladas, podem ter contribuído para a popularização dos conceitos de Ecologia e Meio Ambiente, por vezes adotados, equivocadamente, como pares.

 

Kurt Kloetzel diferencia essas terminologias explicando que a Ecologia (oikos = casa e logos = estudo) é a ciência que estuda a morada dos seres, tendo como objeto de estudo as relações entre o organismo e seu habitat, enquanto o Meio Ambiente é a própria casa em que vivemos, o planeta que habitamos.

 

Para que possamos usufruir de uma convivência harmoniosa, procuramos preservar a diversidade das espécies e de ecossistemas, pois todos dependemos uns dos outros para sobreviver. No entanto, o ser humano, tomado pela ideia do antropocentrismo, começou a interferir na Natureza de forma descontrolada, extrapolando os limites da subsistência, explorando, poluindo, modificando e, muitas vezes, esgotando e extinguindo determinados recursos naturais, em prol dos objetivos capitalistas.

 

Outro aspecto relevante para o nosso debate parece surgir na equivalência, sem pertinência, que parte das concepções de desenvolvimento humano e crescimento econômico. A concepção do crescimento econômico é capaz de vislumbrar a maximização de lucros, sem se preocupar com aspectos sociais, em várias situações, explorando os recursos naturais, outras espécies e, até mesmo, seres humanos, em suas buscas descontroladas pelos saldos positivos nos balanços econômicos de organizações públicas e privadas, deixando de lado a qualidade de vida da maioria. Já a concepção do desenvolvimento humano busca revelar uma composição entre a longevidade, desfrutando de boa saúde, a instrução e a possibilidade de obter os subsídios necessários para uma vida digna.

 

Quando esses fatores são capazes de serem percebidos numa sociedade, podemos assinalar com a esperança de equilíbrio entre desenvolvimento humano e crescimento econômico. Ao observarmos a trajetória da humanidade, podemos ser levados a perceber uma tendência de utilização dos recursos naturais de forma insustentável, destinada ao crescimento econômico exacerbado.

 

Podemos observar, então, que os motores econômicos, políticos e sociais, em geral, não começaram a fazer projetos de proteção ao Meio Ambiente por iniciativa própria, mas, possivelmente, por se encontrarem pressionados, cada vez mais, pela opinião pública e pelo aprimoramento dos códigos que versam sobre o tema.

 

Percebendo-nos como partes humanas, que integram o todo ambiental, na complexa composição do Planeta Terra, e refletindo a respeito da necessidade de haver um capitalismo avançado, com os recursos concentrados nas mãos de poucos, para que então possa ser feita a transição socialista, já que do contrário apenas socializaríamos a miséria, proponho uma maior atenção ao tema Ecologia e Meio Ambiente nas discussões do PCdoB. No país, hoje, não teríamos as condições necessárias para uma virada em direção ao socialismo, o capitalismo ainda precisa avançar, é necessário desenvolver a indústria e agropecuária, como etapa anterior. Entretanto, este desenvolvimento precisa ser buscado juntamente com um modelo produtivo industrial diferente, capaz de preservar os recursos naturais e poluir pouco, ou nada. Assim como, no meio rural, é flagrante a necessidade da transição para o modelo de produção agroecológico. Do contrário, corremos o risco de ter uma situação quase ideal para a socialização dos meios de produção em um planeta sem condições de manter a vida.

*Jornalista– MTB/RS 16047 e Relações-Públicas – CONRERP 4º 3340