Vivemos uma situação de grandes adversidades. Sofremos duras derrotas e o caminho para a superação dessa situação é difícil e complexo como bem retratam as resoluções políticas ao 14º Congresso.

Por Marcos Casteli Panzera*

É grande o debate atual sobre as razões dessa virada e os caminhos para sua superação. As atuais Resoluções abordam de forma profunda e multilateral essa realidade.

Queria opinar sobre alguns desses aspectos que considero oportuno.

O documento em seu ponto 62  afirma que “Não obstante as quatro vitórias eleitorais consecutivas de um mesmo bloco de forças políticas, algo único na história da República, não se conseguiu sedimentar em camadas largas do povo as razões da dura luta política que se travava. Houve uma subestimação da luta de ideias, da necessidade de informar e politizar o povo através de meios e instrumentos diversos.”

Como consequência assistimos nos dias atuais, direitos fundamentais dos trabalhadores e do povo sendo castrados sem reação à altura da população que se encontra apática. Embora ocorram manifestações de peso não se consegue envolver maiores setores da população para fazer valer a pressão das ruas.

E como aponta o documento, não se realiza mudanças de vulto que não seja embasado por forte movimento de massas.

68 – Para governar e avançar nas mudanças é essencial a mobilização política do povo, força motriz das transformações sociais

58 – …A mobilização política do povo – em especial dos trabalhadores, das mulheres e da juventude – é o fator mais decisivo para reverter a desfavorável correlação de forças atual

Não se mobiliza as massas sem estar integrado a elas, para poder identificar os problemas mais candentes e encontrar os caminhos de mobilizá-las. É atual a constatação de um documento do Partido de 1968 afirmando que “Grandes contingentes da população, apesar das enormes dificuldades em que vivem, ainda não vislumbram o caminho da luta, não têm bastante confiança em suas forças e nem se dão conta de que unicamente das massas depende a solução de seus problemas. Há setores populares que ainda se encontram apáticos, acreditam que seus sofrimentos resultam de uma fatalidade e aguardam pacientemente providências dos governantes. O papel dos comunistas é despertar a consciência das massas, ajuda-las a compreender que elas possuem uma gigantesca força que, posta em movimento, varrerá com a opressão e a exploração, com todas as dificuldades.” (documento do PCdoB – Preparar o Partido Para as Grandes Lutas (05/1968) Mais a frente o mesmo documento acrescenta: “A justa aplicação da linha do Partido é feita de modo muito concreto, ligada estreitamente aos problemas candentes das massas com as quais os comunistas devem estar permanentemente vinculados.” E depois: “Um estilo revolucionário de trabalho impõem o estudo cuidadoso de como abordar as massas e estimular as suas iniciativas.

As Resoluções  também afirmam que:

173 – No processo de acumulação de forças e de luta pela hegemonia, não é suficiente a ocupação de espaços políticos no Estado, é preciso também avançar na politização, na mobilização e organização das massas trabalhadoras, além de construir o PCdoB, conforme orienta o Programa do Partido.

E a seguir constata:

165 –….. Desde um pouco antes (junho de 2013), o PCdoB já vinha perdendo influência política, organicidade e votos em capitais e em grandes centros urbanos, em especial nas regiões Sudeste e Sul do país.

168 – O Partido tem dificuldade de mobilizar o conjunto de seus militantes e filiados, os trabalhadores e o povo na ação política de massas,

O documento não aborda as razões dessas dificuldades e nem, a forma de superá-las.

Porque temos dificuldade de mobilizar o povo? De eleger mais deputados e vereadores? De organizar as OBs? Nossa política não é justa? São perguntas que nos perseguem.

Adentrando esse debate, pergunto: quais os instrumentos fundamentais que dispomos para aumentar nossa influência de massa e mobilizá-las para a luta. Não são nossas entidades de massa: CTB, UJS, UBM, CONAM, UNE, UBES, etc.?

E porque tais entidades não cumprem esse papel? Acho que tais entidades não praticam uma linha de massas não cumprindo seu papel essencial: aumentar nossa influência de massa e mobilizá-las para a luta. E por quê? Precisamos rever a orientação nacional para as mesmas. Acho que aqui também se aplica o que afirma o ponto 173 de nossas resoluções: No processo de acumulação de forças e de luta pela hegemonia, não é suficiente a ocupação de espaços, é preciso também avançar na politização, na mobilização e organização das massas trabalhadoras, além de construir o PCdoB, conforme orienta o Programa do Partido.

*Membro da Comissão Política do Comitê Estadual do PCdoB/Pará, 50 anos de militância.