O grande erro da maior parte da esquerda brasileira – e aí está inserido o Partido Comunista do Brasil – é insistir na ideia de desenvolvimentismo “nacional-progressista” com apoio, do que acredita existir, da chamada “burguesia nacional”. A crise política que nos levou, consequentemente, às crises econômica e social em que vivemos, foi provocada principalmente por esses setores da tal “burguesia nacional”, tão próximas dos Governos Lula e Dilma. Esta “burguesia”, que não é burguesia e muito menos é nacional, foi responsável por grande parte dos rumos conservadores que o Brasil tomou a partir de 2013. A chamada indústria nacional não passa de uma indústria completamente dependente da indústria dos países capitalistas centrais (principalmente a dependência dos Estados Unidos, país que hoje controla praticamente toda a indústria mundial, de forma direta ou indiretamente). Dessa forma, não tivemos o desenvolvimento de uma indústria de fato nacional no Brasil, assim como, não tivemos uma burguesia realmente constituída, liberal, como nos países que realizaram suas revoluções burguesas.

Por várias vezes, durante o conturbado período republicano, tivemos várias tentativas, frustradas, de realizarmos um desenvolvimento nacional-burguês (ou através de movimentos revolucionários, caso de 1924 e 1930, ou de reformas, como os casos de 1954, 1964 e 2016, todos esses processos “revolucionários” e reformistas interrompidos por forças leais ao imperialismo) e fazem o contexto histórico e material de desenvolvimento mais avançado do país sempre voltar quase à estaca zero.

O Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento (NPND), defendido pelo PCdoB, já não tem mais sentido – pelo menos da maneira que é – num país que vive sob um regime construído após um Golpe de Estado que ainda está em curso e a defesa de uma Frente Ampla tem menos sentido ainda quando vemos o “centro” (outra ficção política criada no Brasil) dando total apoio ao Golpe de Estado e seus efeitos nefastos, principalmente, contra os trabalhadores. Será essa Frente uma composição com as mesmas forças que deram o Golpe de Estado em 2016, tudo em nome de uma falsa unidade nacional? Ou não seria mais viável uma unidade real de forças realmente progressistas (que não incluem aí as classes senhoriais, semifeudais) e democráticas como setores minoritários da classe média e uma maioria ampla das classes trabalhadoras das cidades e do campo? Uma unidade que não seria apenas eleitoral. Parece que para o nosso Partido (ou pelo menos grande parte de sua direção), vale a pena insistir no erro de alianças com esses mesmos setores golpistas (Rodrigo Maia, PSDB no Maranhão, PSB em Pernambuco e em São Paulo, etc). Aí volto, mais uma vez, a falar do elevado grau de oportunismo que tomou conta das nossas direções estaduais e nacional (incluindo aí a direção de alguns movimentos importantes como o sindical, onde está a CTB que, recentemente, esteve fazendo acordos com o desgoverno espúrio e golpista que massacra todo o povo brasileiro).

É hora de um novo Programa Socialista e de uma outra tática, que rompa com o oportunismo, para sair desse ciclo que só nos trouxe derrotas desde 2013 (e não falo de derrotas eleitorais, mas de derrotas muito mais sérias e significativas para os destinos do país).

*Militante do PCdoB em Pernambuco.